Superdotação: apenas um rótulo?

Por Dra Cristiane Beckert

Algumas pessoas consideram que a superdotação é apenas um “rótulo”. No entanto, se trata de um conjunto de características cognitivas e comportamentais que influenciam diretamente o desenvolvimento de um indivíduo. Embora algumas pessoas acreditem que esta identificação é apenas um “título”, na realidade ela permite que se enxergue a pessoa com maior dimensão de suas capacidades, recebendo estímulo adequado e compreensão da família e escola.
A avaliação neuropsicológica de crianças com suspeita de superdotação é essencial para garantir que recebam o suporte adequado ao seu desenvolvimento. Muitos pais podem perceber que seus filhos são mais curiosos ou aprendem mais rápido, mas sem uma avaliação formal, pode ser difícil entender as necessidades específicas da criança.
A avaliação neuropsicológica é uma aliada na compreensão do perfil cognitivo da criança, evitando diagnósticos errados e favorecendo a adaptação escolar. Além disso, há alguns outros fatores importantes que este exame permite aferir:

1. Evitar Diagnósticos Errados
   Sem uma avaliação correta, crianças superdotadas podem ser confundidas com portadoras de TDAH (pela inquietação e impulsividade) ou transtornos de ansiedade (pela alta sensibilidade emocional). Uma identificação equivocada pode levar a intervenções inadequadas.
2. Fornecer Estímulo Adequado
   Crianças superdotadas podem se entediar facilmente em ambientes pouco desafiadores, resultando em desmotivação e até queda no desempenho escolar. Com a avaliação, os pais podem oferecer oportunidades de aprendizado adequadas.
3. Facilitar a Adaptação Escolar
   Com um laudo formal, é possível solicitar adaptações na escola, como:
   • Aceleração de série, quando necessário.
   • Atividades diferenciadas, para manter o interesse e o engajamento.
   • Enriquecimento curricular, com projetos mais desafiadores.
4. Compreender Aspectos Emocionais e Sociais
   Muitas crianças superdotadas enfrentam desafios emocionais, como:
   • Sensação de não pertencimento.
   • Dificuldade em fazer amizades com crianças da mesma idade.
   • Frustração com regras ou limitações.
   Com uma avaliação, os pais podem aprender a lidar melhor com essas questões e buscar suporte psicológico se necessário.
5. Prevenir Problemas de Autoestima
   Sem reconhecimento e apoio, crianças superdotadas podem se sentir deslocadas, inadequadas ou frustradas por não terem suas habilidades valorizadas. Isso pode levar a problemas emocionais, como ansiedade e baixa autoestima.
6. Melhorar a Relação Familiar
   Pais que entendem melhor as necessidades de seus filhos conseguem se comunicar de forma mais eficaz, evitar conflitos e criar um ambiente mais favorável ao desenvolvimento saudável da criança.
   A avaliação da superdotação não é apenas para “rotular” a criança, mas para garantir que ela receba oportunidades compatíveis com seu potencial. Com a orientação correta, pais e educadores podem proporcionar um crescimento equilibrado, tanto no aspecto intelectual quanto emocional.

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Doutora Cristiane Beckert

A psicologia sempre significou um campo de interesse para mim.

Desde muito cedo me intrigava sobre “Como nos tornamos nós mesmos?”.

Por isso resolvi me tornar psicóloga, para conseguir compreender o ser humano de modo amplo e científico, como indivíduo e dentro das esferas familiares e sociais.

Durante a faculdade pude conhecer inúmeras abordagens, dentre as quais me identifiquei com a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) e com a Neuropsicologia.

A TCC permite que investiguemos com o paciente seus padrões de pensamento e crenças que podem estar influenciando negativamente sua saúde mental, propondo um modelo organizado de atendimento e traçando objetivos a serem almejados.

Já a Neuropsicologia é um campo de estudo que permite que possamos avaliar o funcionamento do cérebro por meio de testes, atividades e do uso de escalas ecológicas que avaliam o grau de aparecimento de sintomas de uma determinada doença ou transtorno. O relatório da avaliação neuropsicológica permite que sejam traçadas as melhores formas de intervir com o paciente de acordo com seu perfil cognitivo, realizando encaminhamentos e dando suporte às suas dificuldades.

Realizei especialização em Avaliação Neuropsicológica Infantil pela UNIFESP e Avaliação Neuropsicológica pela USP, além cursos de formação em Terapia Cognitivo Comportamental, Reabilitação Cognitiva e Psicologia Jurídica. Sou parte da equipe Mancini Psiquiatria e também atuo como pesquisadora no Núcleo de Avaliação Neuropsicológica Infantil (NANI) da UNIFESP.

Nos meus atendimentos sempre prezo pela ética, olhando o paciente de modo humano, buscando compreender suas dificuldades e potencialidades, proporcionando um ambiente de acolhimento e segurança.

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