As Ferramentas que Trazemos de Casa Para a Vida

Logo no começo da vida, começamos a montar uma caixa de ferramentas a partir da dinâmica da família em que nascemos. Essas ferramentas são a forma como pensamos sobre nós e os outros, como nos sentimos e agimos para nos adaptarmos a esse ambiente familiar.
Por exemplo, uma menina que cresceu com um irmão mais velho que a provocava pode ter aprendido a interpretar essas situações como desrespeito, sentir raiva e reagir de maneira agressiva para impor limites. Essas ferramentas adquiridas nas relações familiares moldam a forma como interpretamos e reagimos ao mundo ao nosso redor.
No ambiente escolar, essa mesma menina pode carregar o padrão de interpretar provocações como desrespeito e responder com agressividade. Isso pode ajudá-la a impor limites, mas também pode gerar conflitos desnecessários quando a situação não exige essa resposta. O mesmo acontece em amizades, relacionamentos amorosos e até no trabalho. Muitas vezes, usamos essas ferramentas de maneira inconsciente, pois elas se tornaram automáticas.
Quando aplicamos nossas ferramentas de forma rígida em contextos onde não funcionam tão bem, acabamos gerando sofrimento. Isso não significa que a ferramenta é inútil ou precisa ser descartada. Afinal, se não tivesse sido útil, não a teríamos carregado por tantos anos. O problema não está na ferramenta em si, mas na sua adequação ao contexto.
Por isso, um dos pontos centrais da terapia é explorar a história dos nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Compreender como os usamos, em quais momentos nos ajudaram e em quais têm nos atrapalhado a viver de acordo com nossos valores. Dessa forma, aprendemos a reconhecê-los, escolher conscientemente quando utilizá-los e, se necessário, deixá-los guardados em nossa caixa de ferramentas.