Alterações Comportamentais Decorrentes do Trauma Cranioencefálico

O trauma cranioencefálico (TCE) ocorre quando uma lesão na cabeça afeta o cérebro, podendo resultar em diversas alterações físicas, cognitivas e comportamentais. A gravidade das consequências depende da intensidade do impacto, da região afetada e do tempo de recuperação. Dentre essas consequências, as mudanças no comportamento são particularmente desafiadoras, tanto para o paciente quanto para seus familiares e cuidadores.
Principais Alterações Comportamentais

1. Mudanças na Personalidade
   Pacientes que sofreram TCE podem apresentar mudanças significativas na personalidade. Indivíduos antes calmos podem se tornar mais agressivos ou impulsivos, enquanto outros podem demonstrar desinteresse ou apatia.
2. Irritabilidade e Agressividade
   Lesões em áreas como o lobo frontal podem levar à dificuldade em controlar emoções, resultando em explosões de raiva, frustrações exageradas e até agressividade física ou verbal.
3. Impulsividade e Falta de Controle Inibitório
   Muitos pacientes passam a agir sem pensar, interrompendo conversas, tomando decisões precipitadas ou apresentando comportamentos socialmente inadequados.
4. Depressão e Ansiedade
   A consciência das limitações impostas pelo TCE pode levar a quadros de depressão e ansiedade. Além disso, as lesões cerebrais podem afetar neurotransmissores responsáveis pela regulação do humor.
5. Desinibição Social
   Algumas pessoas passam a apresentar comportamentos inadequados, como fazer comentários ofensivos, ter dificuldades em respeitar normas sociais ou agir de forma imprópria em público.
6. Dificuldades na Regulação Emocional
   Oscilações frequentes de humor, crises de choro sem motivo aparente ou euforia excessiva são comuns. Isso pode ser consequência de lesões que afetam a comunicação entre áreas do cérebro responsáveis pelo controle emocional.
7. Apatia e Falta de Motivação
   Em alguns casos, o paciente pode perder o interesse em atividades que antes gostava, parecer indiferente a eventos importantes e ter dificuldades em iniciar ou manter tarefas.

Fatores que Influenciam as Alterações Comportamentais
• Localização da lesão: O lobo frontal, por exemplo, é fundamental para o controle emocional e a tomada de decisões.
• Gravidade do trauma: TCEs leves podem causar alterações temporárias, enquanto traumas graves podem gerar mudanças permanentes.
• Suporte familiar e reabilitação: O acompanhamento psicológico e neuropsicológico pode ajudar a minimizar os impactos no comportamento.

Tratamento e Reabilitação
O tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar, incluindo:
• Psicoterapia e acompanhamento psiquiátrico para controle de sintomas emocionais e comportamentais.
• Terapia ocupacional e reabilitação cognitiva para restaurar funções comprometidas.
• Medicação, quando necessário, para tratar sintomas como depressão, ansiedade ou impulsividade.

As alterações comportamentais decorrentes do TCE podem ser desafiadoras, mas com o suporte adequado, muitos pacientes conseguem recuperar parte de suas funções e adaptar-se à nova realidade. O acompanhamento médico, o apoio da família e a reabilitação são essenciais para melhorar a qualidade de vida do paciente.

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Doutora Cristiane Beckert

A psicologia sempre significou um campo de interesse para mim.

Desde muito cedo me intrigava sobre “Como nos tornamos nós mesmos?”.

Por isso resolvi me tornar psicóloga, para conseguir compreender o ser humano de modo amplo e científico, como indivíduo e dentro das esferas familiares e sociais.

Durante a faculdade pude conhecer inúmeras abordagens, dentre as quais me identifiquei com a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) e com a Neuropsicologia.

A TCC permite que investiguemos com o paciente seus padrões de pensamento e crenças que podem estar influenciando negativamente sua saúde mental, propondo um modelo organizado de atendimento e traçando objetivos a serem almejados.

Já a Neuropsicologia é um campo de estudo que permite que possamos avaliar o funcionamento do cérebro por meio de testes, atividades e do uso de escalas ecológicas que avaliam o grau de aparecimento de sintomas de uma determinada doença ou transtorno. O relatório da avaliação neuropsicológica permite que sejam traçadas as melhores formas de intervir com o paciente de acordo com seu perfil cognitivo, realizando encaminhamentos e dando suporte às suas dificuldades.

Realizei especialização em Avaliação Neuropsicológica Infantil pela UNIFESP e Avaliação Neuropsicológica pela USP, além cursos de formação em Terapia Cognitivo Comportamental, Reabilitação Cognitiva e Psicologia Jurídica. Sou parte da equipe Mancini Psiquiatria e também atuo como pesquisadora no Núcleo de Avaliação Neuropsicológica Infantil (NANI) da UNIFESP.

Nos meus atendimentos sempre prezo pela ética, olhando o paciente de modo humano, buscando compreender suas dificuldades e potencialidades, proporcionando um ambiente de acolhimento e segurança.

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