Você vive de má fé?
Jean-Paul Sartre, um dos mais influentes filósofos do século XX, dedicou grande parte de sua obra em explorar a liberdade humana e suas implicações. Dentre os conceitos centrais em sua filosofia, a má fé se destaca como um dos mais relevantes para compreender como lidamos com nossa liberdade e responsabilidade.
Segundo Sartre, a má fé é uma espécie de autoengano. É o ato de distorcer ou negar a realidade de nossa liberdade para evitar o peso da responsabilidade que ela impõe. Em vez de reconhecer que somos seres livres, capazes de fazer escolhas autênticas, muitas vezes nos refugiamos em papéis sociais, desculpas ou justificativas pra evitar enfrentar as consequências de nossas ações.
Para o filósofo, a essência da condição humana é a liberdade, já que não podemos escapar da responsabilidade de nossas escolhas. Tal liberdade absoluta pode ser tanto libertadora como assustadora. É nesse contexto, então, que a má fé se manifesta:
quando tentamos fugir dessa liberdade, inventando desculpas ou adotando comportamentos que nos permitam evitar a responsabilidade por quem somos ou pelo que fazemos.
A má fé acaba sendo problemática porque, ao praticá-la, negamos nossa própria essência como seres livres e autênticos, vivendo vidas inautênticas, seguindo normas, papéis e expectativas que não escolhemos verdadeiramente, mas que por vezes
aceitamos para evitar o peso da responsabilidade de ser livre. Isso nos impede de viver
de maneira autêntica e significativa, pois estamos constantemente nos escondendo.
Sartre nos desafia a abandonar as desculpas e a abraçar a liberdade que é, ao mesmo tempo, nossa maior benção e nosso maior fardo, reconhecendo de forma honesta nossa liberdade e aceitando a responsabilidade que ela nos traz, com escolhas conscientes e autênticas, assumindo o controle de nossa própria existência.