Você conhece os padrões gerais de ansiedade?

Não é incomum encontrar pessoas que sofrem de transtornos ansiosos e perceber que, em alguns momentos, elas compartilham sintomas semelhantes.
Embora existam nos principais manuais diagnósticos, as categorias de ansiedade são listadas separadamente e identificadas de acordo com suas próprias características. Se diferenciam uns dos outros nos tipos de objetos ou situações que induzem o medo, ansiedade ou comportamento de esquiva e na ideação cognitiva associada (APA 2013). A ansiedade, em si, é parte de uma condição mais universal, que apresenta padrões gerais e tendências básicas de funcionamento.
No livro: Livre de ansiedade (2011), do autor Robert Leahy, ele identificou quatro regras que tendem a ser acionadas diante das situações que nos geram medo, realizando uma superestimação do perigo. O objetivo desse padrão é de nos manter em segurança, agem em função da nossa sobrevivência, porém, o custo dessas quatro regras é que elas mantêm padrões inflexíveis diante de situações temidas, acionando o modo fuga e esquiva de comportamentos e de distorções cognitivas. Esse conjunto de ações para nossa sobrevivência, valida os padrões ansiosos de esquivas e evitações e, com frequência, nos afastam da realidade e das reais probabilidades de uma catástrofe acontecer.
Não existem dúvidas que essas regras da ansiedade, quando ativadas, geram alívio imediato, mas, em contrapartida, em detrimento do desenvolvimento de novas habilidades para lidar com o desconforto gerado pela ansiedade, e talvez até a aceitá-la, como parte da nossa existência, convivendo dentro do possível, de maneira mais construtiva e harmoniosa.
Essas regras são identificadas como:
- Detectar o perigo: Fala sobre a necessidade de prever qualquer possibilidade de algo dar errado, em constante estado de alerta! Afinal, como diz o ditado: “seguro morreu de velho!”.
- Transforme o perigo em catástrofe: É quando processamos todo o período em verdadeiras tragédias, os piores cenários possíveis, catástrofes irremediáveis. Também é possível vivenciar uma sensação de ameaça constante, em situações neutras de pouco risco.
- Controle a situação: É quando tentamos controlar o ambiente e as relações à nossa volta, como tentativa de diminuir o desconforto gerado pela ansiedade. É a ideia de que podemos impedir tudo de ruim que possa acontecer.
- Evite ou escape: É uma opção de emergência para evitar a ameaça na sua totalidade. No cenário em que o perigo foi “identificado”, mensurado no pior que pode acontecer e as opções de controle falharam, o que restará?! A nossa última estratégia: Fuja ou escape. O mundo é interpretado como perigoso e logo não daremos conta dos riscos e consequências ruins. A paralisação e a indecisão também são comuns, o famoso medo de fazer a escolha errada.
Lembrando que as quatro características descritas trazem aspectos positivos para a nossa sobrevivência e adaptação. O problema é a frequência e intensidade com que são
acionadas, diante de situações neutras ou de pouco risco, resultando em limitações das nossas possibilidades de escolha e realizações. Agora que você conheceu um pouco sobre as regras universais da ansiedade, observe se acontecem com você.
Fernanda Rodrigues
CRP:06/120614
Referências bibliográficas
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
LEAHY, Robert L. Livre de ansiedade. Tradução de Vinícius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2011.