VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E QUARENTENA: COMO BUSCAR AJUDA?
A quarentena normalmente é uma experiência desagradável, pois existe separação de parentes, perda da liberdade, incerteza sobre a doença e tédio, que pode causar situações difíceis e desafiadoras para a saúde mental.
Pior do que isso, pode acontecer de estar trancado em casa com um parceiro ou familiar que está colocando em risco a nossa integridade física e emocional. Infelizmente para alguns, ficar em casa nem sempre é estar em segurança.
Sabe-se que a taxa de feminicídios e violência doméstica aumentou desde o início da quarentena. Geralmente esses eventos ocorrem em relacionamentos que chamamos de abusivos ou tóxicos, que podem ser aplicados por homens e mulheres e ter várias naturezas, entre elas agressões físicas e emocionais (o(a) agressor(a) não agride fisicamente, mas destrói a identidade e segurança da vítima.
Não é tão simples sair de um relacionamento desses, apesar de parecer muito claro o que está acontecendo do lado de fora. Isso porque há muita culpa envolvida. O(a) agressor(a) usa desculpas para fazer isso que envolvem o comportamento da vítima: “eu bebi e te bati porque você não quis dormir comigo ontem”. A questão de respeito e educação está violada em relacionamentos como esse.
A dinâmica também envolve um ciclo: fazer algo ruim e depois pedir desculpas, ser gentil, dizer que se arrependeu, e dar esperanças à vítima de que o outro irá mudar. A vítima também teme sofrer retaliações ainda maiores se tentar fugir ou pedir ajuda. É uma questão de se sentir muito isolada(o) de outras pessoas (um trabalho de formiguinha que o(a) parceiro(a) abusivo(a) faz, dizendo que a vítima não pode confiar nos outros familiares e amigos).
Aqui estão algumas dicas para tentar quebrar o ciclo:
– a primeira e mais importante é: volte a ter contato com outras pessoas. Volte a falar ou mandar mensagem com a família em quem você confiava antes, ou um amigo que sempre esteve aí para você. Peça ajuda. Não tenha medo de engolir seu orgulho e voltar atrás. A pessoa vai estar mais interessada e aliviada em te ajudar do que apontar o dedo (esse é o papel do(a) agressor(a), que está fazendo você acreditar que você só pode confiar nele(a)).
– fique alerta, tenha um telefone ou celular por perto caso precise alertar alguém sobre o que está acontecendo. Você pode ligar também 180 ou entrar no aplicativo Direitos Humanos BR para pedir ajuda ou esclarecer dúvidas sobre como registrar violências contra mulheres, crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência.
– tenha um plano de fuga: prepare uma mochila com itens básicos para quando tiver coragem de fugir
– lembre-se de alguém que possa te acolher em casa caso as coisas esquentem com o seu parceiro ou familiar tóxico.
– crie toda a coragem que puder: não avise onde estará quando estiver fugindo, e faça de tudo para não olhar para trás ou voltar com o parceiro.
A quarentena pode ser um bom momento para fugir, já que todos estarão em casa para poderem te acolher.
Por mais que tenham feito você acreditar nisso, acredite, você não está sozinha(o).