Um acidente que marcou as Neurociências
Um dos casos clínicos mais conhecidos da história das Neurociências se trata do acidente de Phineas Gage, um operário americano. Em 1848, trabalhando na construção de uma ferrovia, ele ficou responsável por inserir a pólvora em um buraco para implodir uma rocha. Contudo, o atrito desta com a barra de metal fez surgir uma faísca. A explosão resultante fez com que a barra de metal de mais de 1 metro de comprimento atravessasse seu rosto, entrando pela bochecha e saindo pelo topo da cabeça. Tal acidente ocasionou a destruição de parte do lobo frontal.
Surpreendentemente, ele estava consciente logo após o acidente, movimentando-se normalmente e teve uma boa recuperação após os cuidados com uma infecção. Todavia, foi notado que o comportamento do operário havia se modificado. Antes considerado um dos funcionários mais exemplares, capacitados e eficientes, ele passou a ser frio, grosseiro, desrespeitoso com os colegas, indisciplinado e agindo impulsivamente, não conseguindo mais se ater a seus planos futuros.
Tal caso foi bastante ilustrativo na época para retratar como lesões no sistema nervoso impactam na personalidade, no comportamento, nas emoções e na interação social. Ademais, ajudou a reforçar a hipótese defendida na época de que determinadas áreas do cérebro eram responsáveis por certas funções. O conhecimento atual comprova como alterações nos lobos frontais podem ocasionar dificuldades com planejamento, má regulação das emoções e maior impulsividade.