Tristeza: definição e visão comportamental
Tristeza é um sentimento que todos experienciam em algum momento da vida. É motivação para diferentes produções artísticas na televisão, cinema e música. Contudo, muitas pessoas apresentam muita dificuldade em reconhecer e descrever esse sentimento.
Linehan (2017) nos traz uma definição bastante esclarecedora sobre esse sentimento, trazendo tipicamente quais palavras são usadas, quais eventos, interpretações, mudanças biológicas, comportamentos e expressões ocorrem na tristeza. Isso não quer dizer que todas as pessoas experienciam tristeza da mesma forma, pois isso é subjetivo. Mas, nos dá uma ideia de sinais de que ela pode estar acontecendo.
Primeiro, existem diferentes palavras que as pessoas utilizam para definir isso. São elas: abatimento, aflição, agonia, angústia, sofrimento, infelicidade, ferido etc. Todas elas, muitas vezes são usadas querendo expressar o sentimento de tristeza.
O contexto é muito importante para a compreensão do sentimento. Eventos que tipicamente geram tristeza: perder algo ou alguém de forma irreparável; não obter algo pelo qual se empenhou ou que tinha expectativa; ser rejeitado, desaprovado ou excluído; se perceber como impotente ou indefeso; pensar sobre perdas, sobre a falta que alguém faz ou sobre algo que não conseguiu.
Às vezes, a simples interpretação das coisas também pode trazer sentimentos compatíveis com tristeza, como: acreditar que a separação de alguém será por muito tempo ou para sempre; crer que não vai conseguir o que quer na vida; Imaginar que é uma pessoa sem valor; e ver as coisas como irreparáveis ou incorrigíveis.
Algumas mudanças em nosso corpo também geralmente ocorrem: cansaço, exaustão e pouca energia; sentir que nada é prazeroso; dor ou vazio na barriga; falta de ar, apatia e dificuldade de parar de chorar. Expressões e ações típicas, seriam: evitar coisas/pessoas e sorrir; ficar inativo (como estar na cama o dia todo); falar em voz baixa e monótona; postura decaída; agir com desânimo; dizer e pensar em coisas tristes; ficar mais calado.
Existe também algumas formulações interessantes sofre quais as funções comportamentais da tristeza.
Pesquisas sugerem que o comportamento angustiado que ocorre na tristeza (como por exemplo expressões faciais e postura corporal típica da tristeza, auto depreciação, reclamações) podem funcionar como forma de diminuir a chance de ser agredido ou atacado pelas pessoas ao redor, ou seja funcionando como uma estratégia para diminuir a chance de sofrer algum tipo de agressão. Esta tendência geralmente se desenvolve em contextos com maiores conflitos, mas tende a generalizar para outros contextos em que não necessariamente a ameaça está presente. Outra função desses comportamentos pode ser também o aumento da probabilidade de receber ajuda, atenção e apoio social das pessoas ao redor (adição de um cuidado). Ou seja, comportamentos de tristeza tipicamente tem a ver com diminuição de probabilidade de ser atacado, e também uma forma de aumentar a chance e receber um cuidado. (BIGLAN, 1991)
É importante lembrar que não se pode escolher o que se sente em cada situação, uma vez que os sentimentos são efeitos da forma como se interage com si mesmo e com o ambiente. A melhor estratégia é sempre compreender de onde vem, aceitá-los e se necessário buscar se controlar caso o comportamento seja afetado de forma muito significativa.
Bibliografia
Biglan, A. (1991). Distressed behavior and its context. The Behavior Analyst, 13, 157-169.
Linehan, M. M. Treinamento de Habilidades em DBT: Manual de Terapia Comportamental Dialética para o Paciente. 2. Ed. São Paulo: Artmed, 2018.