ADESÃO AO TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO
Em todos os tratamentos psiquiátricos é essencial que o médico e o paciente concordem sobre os objetivos do tratamento e como eles podem ser alcançados, a isso podemos chamar de plano terapêutico. O seguimento deste plano terapêutico, que pode incluir ou não o tratamento medicamentoso, chamamos de adesão ao tratamento. Nesse texto, irei focar na não adesão ao tratamento medicamentoso em psiquiatria.
A não adesão (não tomada da medicação) e a adesão parcial (tomada irregular da medicação) ao tratamento psiquiátrico medicamentoso é muito comum. Estudos de revisão sobre adesão geralmente concluem que aproximadamente 50% das pessoas não tomam seus medicamentos conforme prescrito, e que essa proporção é semelhante nos distúrbios físicos e mentais crônicos.
A baixa adesão à medicação é um fator de risco importante para resultados ruins no tratamento, incluindo altas taxas de recaída em pessoas com esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão. Além disso, outros benefícios de saúde mais amplos também são perdidos, como por exemplo, piora na qualidade de vida, aumento do risco de doenças cardiovasculares, maior risco de internação psiquiátrica e de suicídio nessas populações.
A não adesão é mais comum quando o paciente discorda da necessidade de tratamento, o regime de medicação é complexo ou o paciente percebe que os efeitos colaterais do tratamento são inaceitáveis. Em seguida faço um breve resumo dos fatores associados à adesão ao tratamento:
● Fatores relacionados à doença: negação da doença, sintomas específicos (ex: sintomas psicóticos – delírios e alucinações) ou o impacto da doença no estilo de vida (ex: déficits cognitivos e desorganização do comportamento)
● Fatores relacionados ao tratamento: problemas com a medicação (sensação de não efetividade ou efeitos colaterais intoleráveis)
● Fatores relacionados à relação médico-paciente: não se sentir parte das decisões do tratamento, desgaste na relação, pouco contato médico-paciente
● Fatores relacionados ao paciente: negação da doença ou má percepção da gravidade da doença, ser jovem e do sexo masculino, comorbidade com transtornos de personalidade, comorbidade com uso de substâncias psicoativas; e crenças pessoais sobre a doença e o tratamento, tais como preocupações com dependência, com efeitos colaterais a longo prazo, falta de conhecimento sobre tratamento, instruções mal compreendidas ou simplesmente esquecimento.
● Fatores ambientais e culturais: crenças da família sobre doenças e tratamentos, pressão dos colegas, etc.