Transtorno Obsessivo-Compulsivo – Parte 7
Ao longo das últimas semanas temos conversado sobre o Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Pudemos compreender a obsessão como um componente central nesse transtorno. Em decorrência do caráter intrusivo e desagradável, os pensamentos e imagens obsessivos costumam gerar importante ansiedade ao indivíduo, que o levam a realizar atos voluntários para tentar aliviar essa ansiedade.
O classicamente descrito são as compulsões, ou seja, os comportamentos ritualizados e estereotipados. Porém nas últimas semanas pudemos ver também a importância dos comportamentos evitativos e das neutralizações como formas de lidar com a ansiedade no TOC.
Hoje gostaria de conversar um pouco sobre dois aspectos relevantes que estão na base do desenvolvimento do TOC: a hipervigilância e o viés atencional. A hipervigilância é uma forma de tentar obter maior controle sobre tudo que possa ser uma ameaça ou um risco para o portador de TOC. Ou seja, tem uma relação com o conteúdo das obsessões e o medo decorrente delas.
Por exemplo, uma pessoa que tenha obsessões com conteúdo de limpeza / contaminação costuma andar pelas ruas com uma atenção elevada a tudo que possa lhe parecer ameaçador. Assim, desvia de tudo que possa parecer “sujo” e examina cautelosamente o que irá tocar antes de fazê- lo.
Isso faz com que o portador de TOC perceba alguns detalhes que para outros indivíduos passe despercebido. Todavia, os portadores de TOC também vão deixar de prestar a atenção a aspectos que são observados por outros. Ou seja, sua atenção fica concentrada no conteúdo de sua obsessão, a isso damos o nome de viés atencional.
Apesar de a hipervigilância e o viés atencional serem mecanismos para tentar lidar com o medo desencadeado pelos conteúdos da obsessão, os estudos mostram atualmente que eles são responsáveis por aumentar a frequência das obsessões, pois quanto mais se foca a atenção e se procura possíveis ameaças, maior a probabilidade de se encontrar indícios de riscos.