Transtorno Obsessivo-Compulsivo – Parte 4
Nas últimas semanas temos conversado sobre o Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Descrevemos sua apresentação clássica, com obsessões (pensamentos involuntários, intrusivos e desagradáveis) e compulsões (ato voluntário e ritualizado para tentar aliviar os sentimentos desagradáveis da obsessão), além de termos falado sobre variações nessa apresentação: o nojo, os fenômenos sensoriais e as experiências de incompletude antecedendo episódios de compulsão, e também a “compulsão mental”.
O foco de hoje será sobre os comportamentos de evitação. As evitações são atos voluntários que têm como objetivo evitar que a pessoa entre em contato com objetos ou situações que possam desencadear as obsessões.
Dentre os tipos de TOC, o que mais comumente apresenta comportamentos de evitação são os que cursam com obsessões de limpeza e contaminação. Alguns exemplos de evitação nesses casos são: não encostar em objetos de outras pessoas, não utilizar banheiros públicos ou fora de sua casa, usar luvas ou lenços para tocar em objetos.
Nos quadros de TOC com pensamentos obsessivos agressivos também são frequentes comportamentos evitativos. Por exemplo, pessoas com pensamentos obsessivos de que podem deixar um bebê cair no chão podem evitar pegar bebês nos braços; pessoas com pensamentos obsessivos de machucar outras pessoas com uma faca ou martelo podem evitar pegar tais objetos quando estão na presença de outros.
Além disso, os comportamentos evitativos podem se manifestar de maneira supersticiosa, como não citar um determinado número, não andar por determinadas ruas ou não usar roupas ou apetrechos de uma determinada cor.
Tendo em vista o que foi descrito acima, é possível perceber que as evitações costumam modificar o cotidiano da pessoa, podendo dificultar inclusive que a pessoa saia de casa ou desempenhe um trabalho. Por isso, apesar de se falar pouco sobre comportamentos de evitação no TOC, esses são um grupo de sintomas fortemente responsável por incapacitação e que merecem a atenção ao longo do tratamento.
Artigos recentes
Mancini Psiquiatria
