Transtorno do Espectro autista: fatores de risco e influências
Cada vez mais discutido, o Transtorno do Espectro Autista está presente em nossa sociedade. Muitas pesquisas estão sendo conduzidas neste momento, algumas delas identificaram fatores risco e novas informações sobre o transtorno.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma síndrome comportamental com curso de distúrbio do desenvolvimento que afeta como uma pessoa se comunica e se relaciona com outras pessoas, além da presença de comportamentos repetitivos e interesses restritos (De Rubeis, S. Buxbaum, J.D. 2015).
É uma classificação diagnóstica presente no Manual Estatístico e Diagnóstico dos Transtornos mentais (DSM V). Seu diagnóstico é dividido em 5 critérios A, B, C, D, E:
A: Dificuldades persistentes na comunicação social e na interação social em diversos ambientes;
B: Padrões restritos e repetitivos de interesses e atividades;
C: Os sintomas devem estar presentes precocemente no desenvolvimento;
D: Os sintomas causam prejuízo no funcionamento social, profissional ou outras áreas da vida;
E: Perturbações não são explicadas por deficiência intelectual ou atraso do desenvolvimento.
Uma das hipóteses levantadas sobre um aspecto importante da origem do TEA é a genética. Estudos revelam concordância de 50 a 80% em gêmeos monozigóticos (idênticos) e de somente 30% em irmãos comuns. Ou seja, há de 50 a 80% de chance de um gêmeo idêntico desenvolver o transtorno se o outro possui o diagnóstico e apenas de 30% no caso de irmãos comuns.
Isso sugere que quanto maior a compatibilidade genética, maior a probabilidade do desenvolvimento do transtorno, sugerindo uma importante contribuição dos genes.
Há também evidências importantes dos fatores de risco, ou seja, influências que aumentam a probabilidade do desenvolvimento do transtorno. São eles:
Idade parental avançada;
Intervalo curto entre gravidez (menos de 12 meses de distância);
Presença de mutações genéticas específicas;
Obesidade e diabetes maternal;
Exposição materna a medicações (anticonvulsivante e agonistas de receptores beta 2 adrenenérgicos);
Nascimento prematuro;
Complicações de nascimento (hipóxia, trauma) (Muhle, R. A. et. al., 2018).
Isoladamente nenhum desses fatores pode ser considerado uma “causa” do diagnóstico, uma vez que se trata de um fenômeno do desenvolvimento do cérebro extremamente complexo.
Contudo, é importante mencionar que estas são importantes evidências que aos poucos vão construindo conhecimentos para que possamos compreender e tratar a questão da melhor forma possível.
Bibliografia
American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders – DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.
De Rubeis S, Buxbaum, J. D. Genetics and genomics of autism spectrum disorder:
embracing complexity. Hum Mol Genet, 2015.
Muhle, R. A., Reed, H. E., Stratigos, K. A., & Veenstra-VanderWeele, J.. The Emerging Clinical Neuroscience of Autism Spectrum Disorder. JAMA Psychiatry, 2018.