Transtorno de personalidade dependente
Enquanto sociedade precisamos de cuidado uns dos outros o tempo todo. Contudo, para algumas pessoas, a possibilidade de não ser cuidado é vivida como muito sofrida, e isto causa impacto significativo no bem estar e funcionamento dela. É o caso do transtorno de personalidade dependente.
Os transtornos de personalidade, diferente dos outros transtornos psiquiátricos que pegam um aspecto específico do funcionamento da pessoa: humor, nível de motivação, consciência, seria algo mais “global” e diz respeito a um padrão persistente de alteração que afeta a cognição (capacidade de interpretar a si mesmo e aos outros; afetividade (padrão de resposta emocional); funcionamento nos relacionamentos e no controle dos impulsos (APA. 2013).
O transtorno de personalidade dependente se define de forma geral, como uma necessidade geral e em excessivo de ser cuidado e que leva a comportamento de submissão e apego que surge no início da vida adulta. Em geral envolve ao menos 5 dos seguintes sintomas: Dificuldade de tomar decisões da vida diária sem conselhos e asseguramento dos outros; precisar que outros assumam responsabilidade pela maior parte das áreas da vida; dificuldade em demonstrar desacordo com outros por medo de perder apoio; dificuldade de iniciar projetos ou fazer coisas por si mesmo; tende a ir ao extremo para ter carinho e apoio dos outros; sentir-se desconfortável ou desamparado quando sozinho devido a temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si mesmo; buscar com urgência outro relacionamento íntimo após término; preocupações irreais com medo de abandono. De uma forma geral, a pessoa tende a buscar esse cuidado em parte por uma autopercepção de que não seria capaz de funcionar sem ajuda dos outros (APA, 2013).
Quando se pensa a partir da visão da análise do comportamento, deve-se sempre pensar que todo o comportamento, incluindo o que entendemos como um transtorno, foi desenvolvido a partir de uma história de aprendizagem e experiências que aos poucos foram tornando alguns comportamentos cada vez mais prováveis para ela. Esses comportamentos se tornam mais frequentes por cumprirem uma função na vida desse indivíduo, em geral de adaptação física e emocional.
Para além do diagnóstico, devemos olhar para a pessoa como única e singular e compreender empaticamente que este jeito de ser é o melhor que a pessoa pode realizar neste momento, mesmo que hoje ele possa trazer sofrimento e ou prejuízo para ela e seu grupo social.
Bibliografia
American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders – DSM- 5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.