Transtorno de Personalidade Borderline
Ao longo das últimas semanas viemos conversando sobre os diferentes tipos de transtornos de personalidade, caracterizados por características rígidas e inflexíveis da personalidade, que trazem sofrimento e prejuízos ao indivíduo.
Inicialmente conversamos sobre o grupo A, que inclui indivíduos que tendem a ser mais excêntricos e com pouco contato social, correspondendo ao esquizoide, esquizotípico e paranoide. Em seguida, migramos para o grupo C, o dos indivíduos que tendem a ter maior necessidade de controle das relações e do ambiente, com ansiedade mais elevada, abrangendo o dependente, o evitativo e o obsessivo-compulsivo.
Por fim, nas últimas semanas o foco tem sido sobre o grupo B, dos indivíduos que tendem a ser mais impulsivos e com comportamentos mais instáveis e erráticos. Deste último grupo já falamos sobre o narcisista, o antissocial e o histriônico.
Hoje explicaremos sobre o transtorno de personalidade borderline, que dentre os transtornos de personalidade é o que mais frequentemente busca ajuda de psiquiatras e psicólogos. As duas características principais desse transtorno são a instabilidade e a impulsividade, que abrangem várias esferas da vida do indivíduo.
Há instabilidade dos relacionamentos interpessoais, tanto familiares, amizades ou relacionamentos amorosos. Tendem a oscilar entre polos extremos de idealização e desvalorização. Durante o período de idealização sentem-se muito próximos da outra pessoa, que é vista apenas através de suas características positivas, um ser “perfeito”; desejam estar constantemente ao lado da pessoa e têm dificuldade em tolerar a distância.
Todavia, o indivíduo pode rapidamente alternar para a desvalorização, período no qual a outra pessoa é tomada pelas características mais negativas e por uma forte vontade de se afastar, tendo dificuldade em controlar a hostilidade.
Além do mais, tratam-se de indivíduos que apresentam importante dificuldade em lidar com a rejeição, por isso se esforçam ao máximo para evitar abandonos (sejam reais ou imaginados); desse modo, podem até se submeter a situações humilhantes e vexatórias para evitarem ser deixados.
Da mesma forma que os relacionamentos interpessoais, há instabilidade da autoimagem e da identidade. Ou seja, há momentos de valorização de suas características pessoais, podendo sobrevalorizar suas potências e capacidades. Contudo, em outros momentos, o indivíduo pode ser tomado por intenso desprezo pelas suas qualidades, minimizando e desconsiderando suas capacidades.
Ademais, há instabilidade afetiva, caracterizada por acentuada reatividade do humor. Ou seja, ao longo do dia é comum oscilações rápidas do humor. Em um momento o indivíduo se encontra bem e logo é tomado por irritabilidade ou ansiedade intensas, fica mal-humorado, ou apresenta explosões de raiva. É também comum a descrição de um sentimento crônico de vazio.
Por sua vez, a impulsividade também abrange diversas áreas da vida da pessoa. Em relação aos gastos, tem dificuldade em organizar sua vida financeira, tendendo a ter gastos excessivos e irresponsáveis, frequentemente se envolvendo com dívidas.
Na alimentação podem ter dificuldade em se controlar e apresentar episódios de compulsão alimentar. É também comum se envolverem em atividades de risco, como relações sexuais desprotegidas e direção perigosa, além do abuso de drogas.
Por fim, outra característica frequente é a presença de episódios de automutilação (lesões auto infligidas sem intuito suicida), além da recorrência de comportamentos e pensamentos suicidas.
Com isso, finalizamos a abordagem dos diferentes tipos de transtornos de personalidade.
BIBLIOGRAFIA
Sadock, B; Sadock, V; Ruiz, P. Compêndio de Psiquiatria – Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. 11ª edição. Porto Alegre : Artmed, 2017. Capítulo 22 – Trantornos de Personalidade. Pp. 742-762.
Tavares, H; Ferraz, RB; Bottura, HML. Capítulo 29 – Transtornos de Personalidade. In: Forlenza, OV; Miguel, EC (ed). Compêndio de Clínica Psiquiátrica. Barueri, SP : Manole, 2012. Pp. 511-526.
2 Comments
Anete Mancini
Muito obrigada!
Mônica
Olá!
Fui diagnosticada com TPB pelo IPq, porém sem tratamento. Causa: Mãe Narcisista Psicopata. Sou a Border histriônica.
Parabéns pela matéria!
Mônica