Transtorno de Humor Bipolar: tudo que você precisa saber

O transtorno de humor bipolar caracteriza-se predominantemente pela presença de sinais sugestivos do estado maníaco e do estado depressivo, pelo período de, em média, 10 dias consecutivos. 

O que é o estado maníaco?

O indivíduo em mania apresenta uma acentuação em seu ritmo, de uma maneira geral. Apresenta-se mais acelerado, sua fala fica mais rápida, os pensamentos podem se apresentar de maneira confusa, arborizada, uma ideia levando à outra, por vezes com descarrilamento de pensamento. 

Além disso, o paciente apresenta também elação e pensamento de grandeza a respeito de suas capacidades e de si mesmo de maneira geral. A diminuição da necessidade de sono é muito comum: o indivíduo dorme menos horas, fica acordado até mais tarde e continua disposto a realizar atividades. 

Cursa também um aumento da produtividade no trabalho, que surge de um momento para o outro. Por vezes, o estado maníaco comporta também um comportamento sexual inadequado, com maior exposição e possibilidade de relações sexuais desprotegidas e risco às doenças sexualmente transmissíveis. 

Note que muitas das características de um estado maníaco podem ser difíceis de identificar a princípio, por serem egossintônicas, ou seja, por seu caráter estimulante. 

Por proporcionarem sensações agradáveis ao sujeito que as vivencia, os sintomas muitas vezes podem não causar incômodo ao indivíduo acometido, pelo contrário. Este sente-se mais “poderoso”, está mais rápido, mais eficaz, o que geralmente dificulta que se caracterize sinais de uma síndrome psicopatológica, pela ausência de queixa.

A pessoa leva mais tempo a procurar assistência, e, na maioria das vezes, essa busca ocorre por meio de terceiros, que percebem essa modificação no padrão do indivíduo acometido, ainda que à sua revelia.

O que é o estado depressivo?

Até agora, falamos do estado maníaco. O transtorno bipolar, por conceito, só pode ser assim caracterizado diante da presença do quadro maníaco. Sem ele, o que se dá caracteriza o que chamamos de depressão unipolar. 

O estado depressivo, mais comum de ser identificado, caracteriza-se pelo justo oposto do estado maníaco. Sintomas comuns do estado depressivo incluem:

• Diminuição do ritmo;
• Lentificação;
• Ideia de inferioridade;
• Menosvalia. 

O indivíduo geralmente apresenta um discurso de que “está incomodando aos demais”, “sente-se um peso”, “um encargo”, “uma má companhia”. Em geral, tende a ficar mais recluso, até pela diminuição de energia. 

Observa-se também alteração no apetite, alguns comendo menos e outros mais do que de costume, gerando alteração ponderal a médio ou longo prazo. Por fim, no estado depressivo, podem ocorrer ideações suicidas, que são pensamentos de morte, ativos ou passivos. 

Pensamentos de morte ativos são aqueles nos quais a pessoa pensa em cometer suicídio de forma ativa, com ações dela própria. Já os pensamentos passivos de morte são aqueles nos quais o indivíduo deseja a morte por meio de ser vítima de algum evento que a provoque. 

É importante ter claras essas possibilidades como características da doença, até para poder entender melhor o que pensa e sente a pessoa em sofrimento. 

Tipos de Transtorno de Humor Bipolar

Existem dois tipos de transtorno de humor bipolar mais comuns: o tipo 1 e o tipo 2.

O transtorno de humor bipolar tipo 1 caracteriza-se pelo início com estado de mania franca, sintomas maníacos mais intensos, seguidos por um estado depressivo, de intensidade variável. O tipo 1 é caracterizado por crises mais constantes no decorrer de maior período de tempo. 

O transtorno de humor bipolar tipo 2, por sua vez, caracteriza-se pelo início com um estado de hipomania, sinais maníacos mais atenuados, muito comum de serem confundidos com “um jeito mais elétrico, mais acelerado de ser”. 

Pessoas de basal hipomaníaco tendem a ser mais falantes, mais prolixas, terem um contato mais efusivo ou até mesmo mais irritável. No tipo 2, o estado hipomaníaco é seguido por episódios depressivos, também de intensidade variável, em geral com menos crises ao longo do período médio de 1 ano.

Identificados os sinais de algum desses quadros acima explicados, o que devo fazer?

Primeiramente, deve-se abordar o indivíduo de forma respeitosa e sensível. Até para que o cuidado se dê como uma forma de aliança, de vínculo, facilitando muito que o tratamento comece, e que tenha resultados melhores. 

Psicólogos e psiquiatras são capacitados a realizar o diagnóstico com acurácia, identificando os sinais apresentados, sempre em relação ao basal prévio do paciente, ou seja, ao modo mesmo como a pessoa era antes de se notarem as mudanças. 

Acompanhamento médico apropriado, tratamento em psicoterapia com psicólogos clínicos capacitados e, sobretudo, respeitando o tempo do paciente. Reconhecer e aceitar a existência de um transtorno é algo que pode demandar tempo e atenção. 

De maneira geral o transtorno de humor bipolar, seja do tipo 1 ou tipo 2, pode ter um prognóstico bastante positivo, com excelentes possibilidades de uma boa vida, plena de realizações. 

Ademais, a medicação atualmente utilizada para o tratamento do transtorno bipolar tem se mostrado eficaz e com boa aceitação na maioria dos pacientes acometidos. A exemplo, podemos citar os moduladores de humor como o lítio, a carbamazepina e o divalproato de sódio. 

Podem ser feitas também associações a outras classes de medicamentos, como antidepressivos ou antipsicóticos, a depender da apresentação dos sintomas. 

Pacientes diagnosticados com transtorno de humor bipolar, desde que bem assessorados, fazendo o acompanhamento terapêutico de forma consistente, constante e contínua, têm vida normal. 

Conseguem trabalhar normalmente, relacionar-se afetivamente, casar, ter filhos e tudo mais. O tratamento consistente neste caso inclui visitas regulares ao psiquiatra, sessões regulares com psicólogo de sua escolha e demais atividades que proporcionem a adaptação psicossocial do indivíduo.

Ao notar que algum ente querido pode estar precisando de cuidado no sentido dos sinais e sintomas aqui brevemente apresentados, procure assistência em saúde mental. Todos merecem!