Síndrome de burnout materno: quando ser mãe esgota
Você sabe o que é síndrome de burnout? É uma condição de esgotamento físico e mental que acontece relacionado ao trabalho, em que a pessoa sente que não está dando conta do que faz, e passa a viver no automático e render menos, com vários sintomas parecidos com depressão e ansiedade.
O que acontece é que essa síndrome em geral é descrita para situações de trabalho remunerado. Posições de cuidados como médicos e enfermeiros são mais afetados, assim como professores. Mas às vezes esquecemos de um trabalho de cuidado muito importante, e com ainda mais horas: cuidar de uma criança. Por isso, hoje vamos falar de Síndrome de Burnout materno. É um conceito descrito por Sheryl Ziegler, doutora em psicologia, e ampliado por pesquisas da Université Catholique de Louvain na Bélgica.
A maternidade é uma experiência que muda a vida das pessoas para sempre. Mas ao mesmo tempo que é uma experiência enriquecedora e bonita, ela também é um dos maiores desafios da vida. Ela exige capacidade psicológica e disposição física. Cuidar de uma criança demanda uma atenção muito grande, 24 horas por dia. E para muitas isso é apenas parte das responsabilidades da vida. Ela equilibram pratos entre ser mães, esposas, gestoras do lar, e trabalhadoras. Não é à toa que podem, em algum momento, sentir um esgotamento físico e mental.
As mães passam por um intenso estresse ao sustentar todas essas responsabilidades, ainda sentindo culpa por não estarem fazendo mais por seus filhos, e isso pode ser extremamente destrutivo. Sobrecarregadas por tanta função, vivem além do limite tolerável, gerando esgotamento, sensação de fracasso, isolamento e dúvidas.
Devido à responsabilidade de lidar com uma criança, terminar o dia fisicamente e psicologicamente cansada é algo muito comum na maternidade. Mas alguns sintomas podem indicar que a situação passou dos limites. Como sinais de alerta, podemos apontar:
-
dores de cabeça incluindo enxaquecas ou dores nas costas;
-
dores nas articulações;
-
problemas gastrointestinais;
-
insônia;
-
fadiga crônica;
-
sensação de solidão e isolamento;
-
tristeza profunda ou depressão;
-
frustração;
-
ansiedade
-
desejo persistente de chorar e problemas de concentração acima do normal
Uma pesquisa na Université Catholique de Louvain sobre Burnout Materno também descreve que essas mães apresentam, ainda que não admitam, os seguintes tipos de pensamento:
-
se perguntar o sentido do que está fazendo e por que não sente mais alegria com as atividades que sempre gostou
-
questionar a relação custo-benefício das atividades que está exercendo. O salário está compensando a carga de estresse que está tendo? Alguma coisa poderia ser cortada de sua vida?
-
se questionar sobre o que vai ser daqui a alguns anos, com inseguranças sobre seu próprio futuro e aos seus objetivos de vida até então.
-
acreditar que o tempo para realizar os sonhos está se esgotando e não saber mais qual caminho seguir, seja do ponto de vista profissional ou pessoal
-
estar em casa com os filhos e pensar que podia estar trabalhando, estar trabalhando e pensar que poderia estar com os filhos
-
questionar o sentido da vida constantemente. Acreditar que se mudasse radicalmente sua vida teria mais clareza em relação a isso
-
achar que é tarde demais para realizar um sonho secreto que sempre teve, como voltar a treinar na academia, voltar a estudar, escrever um livro, mudar de carreira.
Diferente da depressão pós-parto, ela pode se manifestar anos depois do nascimento da criança. Mulheres com 2 ou mais filhos pequenos de idade próxima ou gêmeos ou mães que criam filhos sozinhas sem apoio costumam ser mais acometidas, mas essa situação pode ocorrer com todas as mães.
As mães vivem um eterno dilema: ser ótimas mães, dedicadas 100% do tempo, ou ter tempo para cuidar de si mesmas. Apesar de acharmos que esse pensamento é conflitante, talvez a gente precise se perguntar se cuidar de si não é um ótimo jeito de ensinar aos nossos filhos que isso é importante e não-negociável. Dedicar-se apenas para os outros não é saudável, nunca.
Seguem algumas dicas para lidar com isso:
-
aceite e acredite que não há mães perfeitas. procure compartilhar seus problemas com uma mãe, para ver como vocês estão no mesmo barco.
-
trabalhe sua capacidade de aceitar e pedir ajuda. Seja delegando para seu parceiro, já que criar uma criança é tarefa de ambos, ou pedindo ajuda para família, amigos. Se precisar, contrate uma ajudante. O custo compensa.
-
lembre-se que você não precisa dar conta de tudo todos os dias. Deixe coisas não importantes para o dia seguinte.
-
Ao delegar, reserve um tempo para fazer algo para você, sem pressa nenhuma. Nem que seja ouvindo música no banho, ou meditar.
Sei que você ama sua família e quer garantir que seus filhos cresçam saudáveis e felizes. E em alguns momentos é muito difícil não se sentir esgotada. Isso não é ser fraca, é ser humana. Busque se cercar por pessoas que você goste, peça ajuda. Você pode falar com uma amiga ou um parceiro, participar de um grupo de mães, ou buscar um profissional de saúde mental para te ouvir.
Se precisa de ajuda ou está com dúvidas, não deixe de se consultar com profissionais que podem te ajudar.
Entre em contato com os nossos profissionais clicando aqui.