Síndrome de Burnout em Professores
Na semana passada falamos sobre a Síndrome de Burnout, que descreve o esgotamento físico e mental relacionado ao trabalho.
Durante minha prática clínica, atendi muitos professores, principalmente da rede pública, com queixa de violência sofrida por pais e alunos, sem poderem contar com o respaldo da instituição de ensino.
Chegavam ao consultório afastados do trabalho e descrevendo uma enorme angústia por precisarem retomá-lo. Para alguns destes professores, o estresse era causado por um evento único; para outros, pela rotina constante de hostilidade e ameaça. Sem contar os baixos salários, poucos recursos materiais e excesso de carga horária.
Alguns deles chegavam a evitar passar na rua ou pelo bairro onde estava localizada a escola. Muitos, observando a impossibilidade psíquica de voltarem da licença, solicitavam realocar-se em outras áreas.
Um estudo realizado em 2009 com professores da rede pública mostrou que 70,13% dos participantes apresentavam sintomas de Burnout e que 85% se sentiam ameaçados em sala de aula. Desses, 44% cumpriam jornada de trabalho superior a 60 horas semanais e 70% situavam-se numa faixa etária inferior a 51 anos. São dados alarmantes!
O educador cumpre papel importante na socialização do indivíduo e serve de referência para a formação do caráter e do respeito ao próximo por parte do aluno. Há alguns anos, o professor era tratado por Sr. ou Sra. e, quando entravam na sala, eram recebidos por seus alunos em pé.
Hoje nos deparamos com uma geração que não sabe o que é respeitar os mais velhos ou figuras de autoridade. Crianças e jovens que não respeitam limites, que só sabem de seus direitos, mas pouco sobre seus deveres. Como se não bastasse todo este cenário, os alunos são encorajados e endossados por pais incapazes de dizer não a seus filhos.
O resultado disso é estarmos criando jovens que não sabem lidar com a falta, com regras e com a frustração, inerentes à vida. Dizer “não” é, do contrário que muitos pensam, uma forma de amor.