Setembro Amarelo
Setembro é mês de prevenção ao suicídio, mês da campanha nacional de prevenção ao suicídio “Setembro Amarelo”. A Organização Mundial de Saúde – OMS – elege 10 de setembro como o dia mundial de prevenção ao suicídio.
O suicídio é um assunto complexo, extenso e que deve ser tratado com cuidado. É uma questão pouco abordada nas rodas de conversa do dia a dia, pois gera incômodo e muitas vezes evitação nas pessoas, porém deve ser discutido pois o preconceito e a estigmatização de pessoas em situação de risco as afastam da ajuda.
Uma breve definição para nos auxiliar a entender o assunto: suicídio é o ato consciente de colocar fim à própria vida. Ideação suicida ou pensamento suicida é o planejamento (ou mais ou menos estruturado) de colocar fim à própria vida.
Segundo a OMS, perto de 800.000 pessoas colocaram fim à própria vida por ano. É uma causa importante de mortalidade entre na faixa etária de adultos jovens e idosos, por exemplo. Para cada pessoa que tirou a própria vida, há muitas outras que tentaram suicídio e não obtiveram êxito.
As consequências de uma tentativa de suicídio são várias, como a morte da pessoa, ou lesões graves aos sobreviventes, além de danos psicológicos às famílias e pessoas ao redor.
Mesmo sendo considerado um problema de saúde pública no mundo inteiro, ainda sofre com a notificação incorreta. Sem o registro adequado de tais casos torna-se difícil quantificar, estudar e entender o fenômeno, propondo intervenções em saúde pública que reduzam sua ocorrência.
CAUSAS
O suicídio não acontece por uma causa única, sendo uma interação complexa de vários fatores. Não se fala em “cometeu suicídio por determinado motivo”, pois incorre-se em erro ao tentar-se simplificar de um fenômeno complexo.
Por certas condições psicológicas e psiquiátricas, a própria existência da pessoa torna-se insuportável e a tentativa de suicídio pode ser entendida como um grito por socorro, uma tentativa desesperada e extremada de aplacar um sofrimento intenso à pessoa. Ele é permeado por ambivalência (não há certeza sobre tal vontade e há flutuação dessa vontade
Estima-se que em 90% das vezes o suicídio acontece num contexto de doença mental, muitas das quais existem tratamentos disponíveis. Ter tido uma tentativa de suicídio prévia é um fator de risco importante para uma nova tentativa de suicídio. Esses são um dos pontos sobre os quais se discute a noção de “prevenção ao suicídio”.
FATORES DE RISCO
Em torno de 90% dos casos de suicídio envolvem doenças psiquiátrica como por exemplo a depressão, o transtorno afetivo bipolar, síndromes psicóticas e transtornos por abuso de substâncias, as quais dispõe de tratamentos.
Há outros fatores de risco como ter um histórico de tentativa de suicídio prévia, ser do sexo masculino (atribui-se uma maior letalidade do método de suicídio por parte dos homens, porém o sexo feminino apresenta um maior número de tentativas de suicídio); idade avançada (perda de pessoas próximas pode predispor a isolamento social) – note-se que há um crescimento entre adultos jovens; ter casos de suicídio na família; não ter uma prática religiosa; ser solteiro e sem filhos; isolamento social; ter alguma doença crônica; ter doença cujo sintoma seja dor crônica.
MÉTODOS DE SUICÍDIO
Estudar os métodos de suicídio e discutí-los de forma séria não aumentam o risco de suicídio, mas, pelo contrário, reduzem os índices de suicídio pois torna-se possível tomar atitudes que sejam preventivas que protejam as pessoas, como por exemplo dificultar o acesso a uma grande ponte, dificultar a venda de venenos e armas de fogo a pessoas em determinadas situações, informar como guardar medicações adequadamente.
PREVENÇÃO AO SUICÍDIO
É possível prevenir o suicídio? SIM!
Há várias medidas podem ser feitas ao nível da população, sub-população e individual. Como por exemplo:
-Restringir acesso a meios letais: pesticidas (venenos), armas de fogo, certas medicações.
-Veicular na mídia informações sobre suicídio de forma RESPONSÁVEL, divulgando inclusive formas de acesso a ajuda profissional/apoio.
-Identificação precoce, tratamento e cuidado de pessoas com problemas de saúde mental e uso de substâncias, dor crônica e estresse emocional agudo.
-Treinamento de trabalhadores não-especializados em saúde mental na avaliação e manejo de comportamento suicida. A exemplo do Centro de Valorização da Vida – CVV;
-Treinamento de outros profissionais da saúde, para identificação, avaliação e manejo destes casos.
-Acompanhamento de pessoas que tentaram suicídio e provimento de suporte comunitário.
DESAFIOS
Reduzir o estigma existente sobre doenças mentais e suicídio, pois este dificulta o acesso a ajuda, discrimina e aumenta o isolamento da pessoa num momento em que esta precisa de ajuda. Muitas pessoas que pensam ou tentam suicídio acabam não buscando ajuda especializada.
Aumentar a qualidade da informação coletada é importante para compreensão de padrões e planejar intervenções. Há muita subnotificação e erro de classificação de eventos.
AJUDA
Profissionais de saúde em geral podem fornecer apoio para pessoas com ideação suicida. Médicos psiquiatras e psicólogos são exemplos de profissionais treinados em saúde mental para abordar e manejar tais casos.
Cada caso exige uma avaliação clínica específica. Após uma avaliação do risco de suicídio podem ser instituídas medidas como: observação clínica; acompanhamento próximo por uma pessoa; restrição do acesso a meios de suicídio; iniciar o tratamento de uma condição psiquiátrica/médica relevante; orientação de familiares.
http://www.who.int/mental_health/suicide-prevention/en/
OMS, Suicide prevention. Acessado em 03/08/2018
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OMS, cartilha para profissionais de mídia, suicídio. Acessado em 03/08/2018
http://www.who.int/mental_health/media/counsellors_portuguese.pdf
OMS, suicídio, cartilha de prevenção para conselheiros, 2006 – mitos e verdades. Acessado em 03/08/2018
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OMS, Fact Sheets. Acessado em 03/08/2018
http://www.flip3d.com.br/web/pub/cfm/index9/?numero=14
Cartilha “Suicídio: informando para prevenir”. Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP e Conselho Federal de Medicina – CFM (2014). Acessado em 25/09/2018
1 Comment
Mauren
Parabéns ótima matéria!