Transtornos e déficits não diagnosticados na infância podem se estender à vida adulta, causando uma série de dificuldades, principalmente quando o meio exige certas competências, seja na escola, no vestibular, na faculdade ou no trabalho.

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) Predominantemente Desatento, por exemplo, é queixa recorrente na clínica, pois são subdiagnosticados na infância devido à ausência do fator ‘hiperatividade’. Os portadores de TDAH que durante a infância apresentam alterações pronunciadas do comportamento, como inquietação, agitação e indisciplina, seja na escola ou no convívio familiar, estão mais susceptíveis a uma intervenção precoce se comparados à criança quieta, que “não dá trabalho”, mas com desempenho escolar abaixo do esperado (para o seu nível de inteligência). Somente na vida adulta, quando sob alto volume de leitura e estudo, o indivíduo encontrará dificuldades e buscará ajuda profissional para melhorar seu desempenho cognitivo.

Na idade adulta também aumentam as chances de transtornos mentais associados ao trabalho, como a Síndrome de Burnout e quadros de humor (ansiedade e depressão), intimamente ligados à performance cognitiva e ao desempenho intelectual de uma maneira geral. Estes transtornos diminuem os níveis de atenção e, consequentemente, a aquisição e evocação de novas informações (memórias).

A Síndrome de Burnout, definida por Herbert J. Freudenberger como “um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional”, apresenta sintomas físicos como fortes cefaléias (dores de cabeça), tremores, tonturas, falta de ar e problemas digestivos; assim como sintomas psicológicos como oscilações de humor, distúrbios do sono e dificuldade de concentração; trazendo muito sofrimento ao sujeito.

Na grande maioria dos casos a busca inicial por tratamento é direcionada ao alívio do desconforto físico. Isso faz com que a causa (psicológica) subjacente dos sintomas não seja tratada e os sintomas voltem com o passar do tempo ou não melhorem por completo com o tratamento. A (falsa) percepção de refratariedade dos sintomas físicos só é resolvida quando o indivíduo busca avaliação psicológica e inicia o tratamento psicoterápico.

Por fim é importante ressaltar o papel essencial qua a Avaliação Neuropsicológica tem na terceira idade, quando as queixas relacionadas à perda da memória (especialmente da memória de curto prazo ou “recente”) ficam mais frequentes. Nesses casos a Avaliação Neuropsicológica se apresenta como uma ferramenta diagnóstica valiosíssima, que ajuda a diferenciar entre as diversas possíveis causas de perda de memória, desde as mais corriqueiras até as mais graves, assim como medir e quantificar as perdas ao longo do tempo.

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