Relação entre nível socioeconômico e desempenho neuropsicológico de crianças e adolescentes
O desenvolvimento geral e neuropsicológico das crianças pode ser impactado por
fatores sociais, além dos biológicos. Os primeiros anos de vida são cruciais para o
desenvolvimento psicossocial, biológico e cognitivo, com pequenas perturbações
nesses processos tendo efeitos a longo prazo na estrutura cerebral e funcionalidade.
O nível socioeconômico (NSE) tem sido associado ao desenvolvimento neural,
influenciando o desenvolvimento neuropsicológico. O NSE acaba por abranger mais do
que indicadores simples, incluindo-se também saúde física e mental e aspectos do
ambiente.
A pobreza na infância inicial é um preditor significativo de baixo desempenho cognitivo
no futuro. O NSE pode mudar a hereditariedade da inteligência, o que indica uma
interação gene-ambiente no desenvolvimento cognitivo. Algumas funções cognitivas
parecem ser mais sensíveis aos efeitos do NSE, tais como linguagem, memória e
funções executivas. A neurociência já permite identificar sistemas neurais mais
vulneráveis, o que possibilita intervenções direcionar para mitigar os efeitos do NSE.
Estudos nacionais e internacionais indicam que crianças com NSE mais alto
apresentam melhor desempenho em linguagem, memória e funções executivas ao
passo que, crianças com NSE mais baixo tem maiores dificuldade em tarefas
específicas, como fluência verbal e memória.
Já estudos brasileiros têm resultados similares apontando que alunos de escolas
públicas e crianças com desnutrição crônica tem desempenho inferior. Há outros
indicadores também que que influenciam o desempenho das crianças, como número
de pessoas na residência, renda familiar e depressão materna.
Embora ainda sejam necessárias mais pesquisas sobre o tema, já sabemos da
necessidade, em nosso país, de intervenções preventivas que visem melhorar as
condições ambientais em contextos de menor NSE.