Rejeição: por que somos tão sensíveis a sermos rejeitados pelos outros?
Rejeição é algo desconfortável. Em geral as pessoas se mostram bastante receosas a possibilidade de sofrerem rejeição, muitas vezes adotando uma postura de evitação de expressar seus desejos e vontades para evitar a direta tendência a ser excluído. As pessoas referem experienciar uma “dor” emocional ou terem seu “coração partido” de terem sofrido uma rejeição direta.
Existem duas explicações diretas para isso: a primeira é evolutiva. Sentir dor e desconforto de ser excluído ou sofrer uma rejeição direta, ao longo da evolução, foi importante para engajar os humanos em manterem vínculos sociais e evitarem rejeição. Os que conseguiam manter proximidade com os demais tinham mais acesso a proteção, cuidado, alimentação e, portanto, sobrevivência.
Aqueles que eram mais sensíveis a rejeição, portanto, sobreviveram e tiveram mais descendentes, de forma a termos hoje como traço específico a sensibilidade a possibilidade de sermos rejeitados. Aspectos de temperamento e de história de vida vão definir o grau e o efeito que essas situações têm em cada indivíduo, mas em geral, somos todos sensíveis, em algum grau, à possibilidade de sermos rejeitados.
A segunda é biológica. Pesquisas sugerem que a experiência de rejeição ou “dor social” é processada em regiões muito semelhantes com a dor física. Tanto a dor física como a experiência de rejeição ativam no cérebro regiões conhecidas como córtex cingular anterior e insular anterior, o que indica que biologicamente ambas as experiências são processadas de forma muito semelhante. Isso nos sugere que quando as pessoas relatam consequências emocionais por passarem por experiências de rejeição, há evidências de que, biologicamente, ela está em sofrimento semelhante ao experienciado por alguém que passou por dano físico.
Alguém que perdeu uma pessoa amada tem o dobro de chances de desenvolver um transtorno depressivo do que alguém que não passou por essa experiência; Quem passou por rejeição social é 22 vezes mais provável de desenvolver um transtorno depressivo, e com muito mais velocidade. Estes são dados que nos mostram que as dores “emocionais” ligadas à rejeição devem ser levadas a sério e respeitadas.
Bibliografia
Eisenberger N. I. The neural bases of social pain: evidence for shared representations with
physical pain. Psychosomatic medicine, 74(2), 126–135. 2012.