Síndrome do Pânico
O medo de ter medo, como identificar e como tratar
Muito comum entre as doenças mentais, a síndrome do pânico é um conjunto de sinais e sintomas que afeta um contingente cada vez maior da população, sobretudo nas grandes cidades, devido à sobrecarga de tarefas, compromissos e preocupações.
A síndrome do pânico faz parte do escopo dos transtornos de ansiedade, estando a ela frequentemente relacionada. Pessoas com tendência à desenvolver quadros ansiosos poderão vivenciar o pânico com mais frequência.
A seguir veremos perguntas e respostas que podem ajudar a identificar e a lidar com as crises de pânico.
Quais os sintomas de uma crise de pânico?
Os sintomas que a caracterizam são, na maior parte das vezes: taquicardia, sudorese excessiva, hiperventilação (respiração rápida e difícil, com sensação de aperto no peito), tremores, boca seca, sentimento de medo muito intenso e maior do que o normal, insônia, musculatura tensa ou dores musculares na região dos ombros e pescoço, sentimento de não saber lidar com a situação temida, pensamentos catastróficos, de que o pior está para acontecer, de forma trágica e irremediável.
O pânico é caracterizado, predominantemente, pelo sentimento de perda de controle, medo de enlouquecer e medo de morrer.
Por tudo isso, os sistemas do organismo já se prontificam e se mantém em estado de alerta para agir a qualquer momento, produzindo as resposta fisiológicas na forma dos sintomas desagradáveis, nas quais o corpo se prepara para correr, fugir, escapar da situação temida e conseguir se proteger e se preservar.
Quando as crises de pânico costumam acontecer?
Geralmente as crises de pânico cursam com os acontecimentos mais importantes e relevantes na vida da pessoa. O que vai variar, dependendo de cada um. As crises de pânico podem aparecer no contexto de uma formatura na faculdade ou no colégio, em momentos de escolhas importantes e tidas como definitivas, nas quais o indivíduo pode se sentir pressionado a tomar a decisão certa, sem nenhuma possibilidade de voltar atrás e escolher outro caminho. Ou quando acontece uma situação que requer adaptações maiores e mais drásticas na vida da pessoa
Tudo isso pode ocorrer, por exemplo, na ocasião de uma viagem importante, no casamento, nascimento de um filho, na perda de um ente querido, num contexto de morte ou de luto e por aí vai. Sempre a depender da história de vida de cada pessoa a ansiedade pode aparecer e com ela, uma crise de pânico.
Qual a diferença entre a síndrome do pânico e o sentimento de medo?
A principal distinção entre o medo e o pânico é a intensidade, a forma e a frequência como ambos se manifestam e acometem o sujeito.
O medo é uma resposta normal e desejável diante de situações novas, nunca vistas ou vivenciadas, que podem até mesmo serem perigosas e representarem risco à integridade do indivíduo. O medo vai fazer com que a pessoa evite ou fuja de situações demasiado arriscadas e assim possa se preservar. Já no caso do pânico, o sentimento de medo é paralisante. É descrito como um medo muito acentuado e acima do normal, além de, como citamos acima, vir acompanhado de sintomas físicos desagradáveis e recorrentes.
Por tudo isso, a pessoa acometida por uma crise de pânico fica bastante abalada e passa a ter medo de ter medo novamente. Sendo assim, passa a evitar cada vez mais as situações nas quais vivenciou as sensações de pânico, a fim de impedir que tal desconforto se repita.
O que fazer ao identificar uma crise de pânico?
Costuma ser uma boa ideia prestar atenção aos sinais do corpo. Ao sentir que os sintomas estão começando a aparecer, preste atenção à sua respiração. Como fazer isso?
Se estiver na rua ou em locais movimentados, vá para um local calmo e seguro e apenas respire.
Respire o mais profundamente que conseguir, até que o diafragma se movimente e a musculatura relaxe ao menos um pouco. Repita a respiração profunda algumas vezes, olhe e sinta os braços, o que pode ajudar a diminuir a sensação de formigamento que é comum nessas crises. Encoste a sola dos pés firmemente no chão e diminua a velocidade dos passos. Olhe o espaço em volta, veja que você está íntegro e seguro. Se possível, beba um copo de água em pequenos goles, mantendo a atenção no corpo e na respiração apenas.
O que fazer se as crises de pânico se tornarem muito frequentes?
Quando esse conjunto de sinais e sintomas começa a se tornar muito presente no dia a dia, as atividades mais simples e cotidianas podem começar a se comprometer, sobretudo pela característica paralisante do pânico. Ao perceber que o indivíduo em questão está evitando cada vez mais os compromissos que antes fazia normalmente, ao notar que o sujeito parece mais apático, entristecido, ou mesmo amedrontado, é chegado o momento de procurar ajuda especializada.
Quais são as alternativas para o tratamento do transtorno do pânico?
Estes sintomas são descritos como geradores de muito sofrimento, então o quanto antes as medidas terapêuticas, medicamentosas ou não, forem tomadas, melhor a qualidade de vida.
Entre as medidas que tem apresentado os melhores resultados, aliados ao acompanhamento médico e medicamentos adequados quando necessário, está a psicoterapia, com ótimo prognóstico.
No processo psicoterápico, é oferecido um espaço neutro para o indivíduo expor, à medida que conseguir e no seu tempo, suas angústias, seus medos e seu modo de ser no mundo, sem medo (olha ele aí de novo) de ser julgado ou exposto.
Com excelentes resultados há também o Acompanhamento Terapêutico, também conhecido como AT.
O AT está entre os profissionais de saúde mental, geralmente um (a) profissional psicólogo clínico (a), capacitado para identificar e realizar os psicodiagnósticos necessários em cada caso, ainda que não sejam aplicados testes psicológicos.
Qual a diferença entre o AT e o psicólogo então?
O AT é móvel. Ou seja, ele atua clinicamente fora do consultório, tanto quanto em sala. Vai até a casa do paciente e também, se necessário, o acompanha na alta de internações hospitalares e clínicas de reabilitação.
O AT acompanha o paciente aos lugares que ele frequenta, no Intuito de oferecer uma base de apoio com a qual ele pode se sentir seguro.
O AT pode acompanhar a pessoa às suas consultas médicas quando for o caso, acompanhar à escola, ou mesmo à um passeio no quarteirão, numa ida à pracinha, ao shopping, à academia, ou à banca de jornal, sempre a depender do estilo de vida de cada pessoa. O que ocorre nesse movimento é um acompanhamento atento e ao mesmo tempo amigável, onde as perspectivas clínicas de dão de modo espontâneo, ao sabor dos acontecimentos do dia a dia.
O plano de tratamento do AT é estabelecido sempre junto ao paciente ou com a família quando necessário, de maneira exclusiva, singular e pessoal.
Desse modo, os sintomas tendem a ir se dissipando na prática, conforme o paciente for conseguindo dar conta de suas necessidades e superando as dificuldades que por ventura apareçam no dia a dia.
O transtorno do pânico tem tratamento, pode ser curado e o quanto antes for abordado, maior o alívio e melhor a qualidade de vida.