O que você faz com seu diagnóstico?
É muito comum no cotidiano da clínica a chegada de pacientes já diagnosticados com algum quadro psiquiátrico sobre o qual eles mesmos, os pacientes, possuem algum conhecimento. De igual modo, alguns podem receber algum diagnóstico quando na procura por ajuda pisam pela primeira vez em um consultório.
Seja como for, as pessoas reagem de maneiras diferentes quando recebem a notícia de terem algum quadro relacionado à saúde. A pergunta é: o que fazer quando receber um diagnóstico? Aqui, listo três atitudes não benéficas não tão raras de ocorrer e uma última que se mostra mais adequada.
– Rotular: quando o paciente ao receber um diagnóstico acaba se percebendo apenas a partir dele. Seria como se recebesse uma etiqueta que confirmaria que ele se resumisse apenas ao quadro que possui. Como efeito o indivíduo passa a acreditar que sua vida é guiada pelo diagnóstico que recebeu, muitas vezes se limitando, duvidando de si, se isolando com medo do que podem falar dele e não buscando tratamento adequado. Define o todo por uma parte que ele julga como “defeituosa”.
– Negação: aqui ocorre o contrário do o item anterior. A pessoa não acredita no diagnóstico, busca diversas opiniões dos mais diferentes médicos. Recusa-se a buscar ajuda e tratar seu quadro, o que pode ainda trazer piora em sua vida de modo geral. Algumas vezes o indivíduo que age assim pensa que aceitar o diagnóstico é uma fraqueza ou, mesmo por medo, acredita que ignorando e deixando de lado o que sabe vai conseguir ter uma vida normal como antes.
– Usar como “apoio”: ainda que soe estranho, pode acontecer de algumas pessoas fazerem do diagnóstico um “aliado” para justificar suas atitudes. Nem sempre isso acontece de maneira clara, mas acontece. Assim, seu quadro seria culpado da maioria das atitudes da pessoa. Algo ruim aconteceu? Não pode fazer alguma atividade? Precisa de atenção especial? Todos devem entender seu lado e concordar com você? Culpa do diagnóstico, do quadro ou de sua condição. Ter esta atitude além de reforçar um estigma, limita muito o indivíduo, pois seu quadro acaba servindo de aliado e sendo útil para ele, dificultando uma melhora.
*Contudo, se faz necessário um adendo: obviamente há quadros em que o paciente necessita de atenção especial, e de fato tem limitações. Aqui falo de pessoas que veem um ganho secundário quando diagnosticadas*
Uma atitude que julgo como adequada é de ter a consciência de que você é mais do que a soma das partes. Deste modo, as partes não definem o todo. Todos têm alguma parte que não se mostra do jeito que gostaríamos, porém, ela não é tão poderosa a ponto de apagar nosso todo. Perceba que ainda que tenha recebido algum diagnóstico que julga negativo é possível ter uma vida satisfatória, olhando para suas potencialidades e habilidades. Entendendo mais sobre ele e compreendendo que por vezes é necessária uma adaptação, ou fazer uso de algum medicamento, mas que isso não faz de você uma pessoa menos que as outras ou incapaz de seguir adiante.