Josef Breuer
Josef Breuer (1842-1925) foi um médico austriaco conhecido por seus estudos sobre a fisiologia e psicologia. Descreveu o reflexo pulmonar chamado de “reflexo de Hering-Breuer”, além da relação da anatomia do ouvido e da capacidade de equilíbrio.
No entanto, ficou mais conhecido pelo caso da paciente Anna O. (nome real Bertha Pappenheim), cujo tratamento foi o precursor do tratamento psicanalítico.
Anna O.
Josef Breuer era médico em Viena quando passou a atender uma paciente que seria chave para o posterior desenvolvimento da psicanálise, Anna O., entre 1880 e 1882.
Em 1880 Anna passou a sofrer o que na época era chamado de histeria (um conceito que atualmente foi desmembrado em diversos outros diagnósticos), inicialmente apresentando espasmos musculares e dores em face, mas passando por uma infinidade de sintomas transitórios, entre eles tosse, afasia, surdez, esquecimento de línguas específicas, alucinações visuais, múltiplas personalidades.
O tratamento desse transtorno, na época, era baseado no uso da hipnose — acreditava-se que a possibilidade de ser hipnotizado era parte da doença–, em que se induzia, durante o estado de transe, a interrupção dos sintomas. Frequentemente o uso da hipnose era efetivo por pouquíssimo tempo, até que o paciente voltasse a apresentar os mesmos (ou novos) sintomas.
Anna era descrita como uma pessoa inteligente, culta, imaginativa e bastante geniosa. Com o tempo, Breuer passa a estimulá-la a contar histórias fantasiosas durante as sessões, estimulando inclusive que os personagens tivessem os mesmos sintomas que a própria paciente.
Notava-se que apos este processo seus sintomas se esvaiam. O processo foi apelidado pela própria paciente como “limpeza de chaminé” ou “cura pela fala”.
Além disso, frequentemente apresentava “caprichos” (nas palavras de Breuer) que desapareciam após a rememoração de eventos de seu passado: um de seus “caprichos” — a dificuldade de beber água, desaparece depois da rememoração durante as sessões de “cura pela fala”, em que conta a Breuer que tinha visto o cachorro de sua governanta bebendo água de um copo. Essas sessões aconteciam a cada poucos dias, no período em que Anna ficou internada numa clinica devido a tentativas de suicidio prévias.
O fim do tratamento de Breuer com Anna O. é abrupto em 1882, e não há versão oficial para o fato. Há, no entanto, a descrição de Ernest Jones (biógrafo de Freud), bastante impactante, e com pontos de discordância histórica — portanto não confirmada: A esposa de Breuer teria passado a sentir ciúmes da relação de Breuer com a paciente, e Breuer decide interromper o tratamento de Anna O. Na mesma tarde, é chamado na casa da paciente, que apresentava um quadro semelhante ao parto de uma pseudociese (gravidez psicológica). Independentemente dos fatos associados à interrupção do tratamento, interessante notar que Anna O. (cuja identidade como Bertha Pappenheim é exposta por Ernest Jones), tem uma vida bastante produtiva apos este periodo, trabalhando como diretora de um orfanato e sendo reconhecida na luta feminista — fundou a Liga das Mulheres Judias. Não há outras menções de tratamentos psiquiátricos na história.
Freud e Breuer
Em meados de 1880, Freud ainda era um estudante de medicina na Universidade de Viena quando ouviu de Breuer o relato do caso de Anna O. Freud ficou extremamente entusiasmado com o caso e com essa maneira de tratamento — “cura pela fala”. Freud e Breuer tornaram-se colaboradores e passaram a discutir este e outros casos, em especial as implicações teóricas envolvidas. Em 1895 publicaram juntos o livro “Studien über Hysterie” (Estudos sobre a Histeria), que marcou o início da terapia psicanalítica. Ao longo do tempo Breuer deixou de publicar e pesquisar esses temas, ao passo que Freud expandiu a teoria, tornando-se até uma figura da cultura popular.
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Bibliografia:
Ellenberger, H. F. (1972). The story of “Anna O”: A critical review with new data. Journal of the History of the Behavioral Sciences, 8(3), 267–279.