O diagnóstico deve ser revelado ao portador de doença de Alzheimer?
Esta pergunta não raramente é feita pelos familiares, muitos dos quais também desempenham o papel de cuidador, se de fato é necessário revelar o quadro ao portador de demência. O tema também é alvo de pesquisas na área de neurologia, psiquiatria e psicologia.
Associações internacionais ligadas a Doença de Alzheimer como “Sociedade Canadense de Alzheimer” e “Associação Médica Norte-Americana” indicam que sempre que possível é necessário revelar o diagnóstico ao paciente, junto de informações sobre a doença e os recursos existentes para lidar com ela.
Há, contudo, aqueles que são contra tal recomendação alegando, dentre outros motivos, que a revelação de uma doença, incurável, até o momento, causaria forte impacto ao paciente trazendo à tona diversas reações emocionais negativas difíceis de serem elaboradas pelo indivíduo.
Contraponto esta ideia, a recomendação de revelar o real quadro ao portador de demência, defende que a ideia contida no parágrafo anterior apenas reforça uma visão protecionista do indivíduo, colocando-o em uma posição passiva frente a doença.
A revelação também ocupa um lugar ético, pois as pessoas tem o direito de saber sobre seu diagnóstico e uma divulgação antecipada permite que planejam estratégias de lidar com a doença a curto e longo prazo.
Ademais, dentre os benefícios da revelação do diagnóstico para o paciente estão a maior colaboração do mesmo com os tratamentos, maior compreensão sobre sua própria condição e melhor adaptação ao dia a dia com favorecimento do manejo de sintomas pela família.
Faz necessário mencionar que o grau da doença em que o paciente se encontra também é um fator a ser considerado, pois os benefícios da revelação do diagnóstico para pessoas nas fases moderada ou avançada ainda são questionáveis. Assim, a divulgação diagnóstica é apropriada para aqueles pacientes cujo quadro ainda esteja na fase inicial.
Um ponto muito importante é o de que a reação do paciente frente a revelação do seu diagnóstico varia de acordo como ela é revelada. Deste modo, é essencial evitar uma postura derrotista, paternalista ou de piedade. Ao invés disto, a família deve estar preparada para assumir o papel de cuidadora e apoiadora, além de apontar perspectivas e alternativas para enfrentamento de sintomas com a participação do paciente e da equipe médica.