Por que às vezes agimos como nossos pais?
“Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos
E vivemos como os nossos pais“Como nossos pais – Elis Regina
É comum que filhos se percebam agindo de uma forma semelhante aos pais ou familiares próximos, mesmo que tenham consequências negativas com esses comportamentos. Da mesma forma, muitos pais se percebem educando seus filhos de forma parecida com a que foram criados, mesmo que não concordem.
Além do fator genético, existe um conceito na psicologia que se chama Transgeracionalidade e explica o porquê de membros e gerações de uma mesma família tenderem a agir/pensar de forma semelhante.
Transgeracionalidade se refere a repetições de padrões comportamentais, crenças e idéias que são passados de uma geração a outra, muitas vezes de forma inconsciente.
Quando crianças, aprendemos sobre o mundo e a nos relacionarmos através das pessoas próximas, geralmente familiares. E muitos desses pensamentos e crenças são repetidos ao longo da vida, mesmo que não concordemos.
A transgeracionalidade consiste nos processos transmitidos de uma geração a outra, mantendo-se presentes ao longo da história familiar. Assim, diz respeito a padrões relacionais que se repetem, ainda que as pessoas envolvidas não percebam.
Falcke e Wagner, 2005
Quando não temos repertório para lidar com determinada situação ou conflito, ou quando agimos automaticamente, sem refletir e analisar o que motiva os comportamentos, é comum que recorramos aos modelos familiares.
O filme de animação “Viva: a vida é uma festa” elucida bem essa dinâmica transgeracional. No filme, a aversão e rejeição à música é transmitido por várias gerações, mesmo que isso não faça mais sentido nas gerações recentes.
O processo de psicoterapia pode proporcionar a compreensão e identificação de como isso afeta a nossa vida. Essa compreensão nos possibilita mudar de posição e ampliar nosso repertório para além daqueles já aprendidos (quando eles não fazem mais sentido ou são disfuncionais). Também pode nos ajudar a utilizar os conhecimentos transmitidos de geração em geração ao nosso favor, quando são saudáveis.
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