Qual a diferença entre luto e depressão?
É verdade que há similaridades em algumas reações e comportamentos tanto na depressão quanto no luto, sendo talvez este, o motivo para que haja confusão entre estes dois quadros. Também é real que em certos casos o processo de luto pode desencadear a depressão. Pesquisas há tempos indicam que alguns quadros depressivos são antecipados por perdas, tanto após o ocorrido como posteriormente.
As principais diferenças entre depressão e luto são que na medida em que em ambos há tristeza intensa, dificuldades no sono e alimentação, quando se trata de luto, não aparecem, de forma geral, a perda de autoestima que vemos em um quadro depressivo. A pessoa que vivencia o luto não diminui a atenção e o cuidado que tem consigo mesma e, se o faz, este fato tende a ocorrer por um breve período. A culpa, característica comum na depressão, de igual modo quando presente no processo de luto, acaba por se relacionar a algo especifico referente a perda, ao invés de uma culpa generalizada como no primeiro quadro.
Segundo Freud, no luto o mundo para o indivíduo parece pobre e vazio, de modo que na depressão é a pessoa que se sente desta maneira, pobre e vazia. Outros pesquisadores, de diferentes abordagens psicológicas, também afirmam algo no mesmo sentido, apontando que as pessoas deprimidas têm visões negativas sobre si mesmas, sobre o mundo e sobre o futuro. É claro que o enlutado pode apresentar características parecidas com estas, porém elas se apresentam de forma mais breve.
Entretanto, alguns enlutados apresentam episódios de depressão maior após uma perda que englobam alguns aspectos como culpa acerca das atitudes que tomou ou não no período da morte, pensamentos de morte que não sejam a sensação de que estaria melhor se estivesse morto ou que deveria ter morrido junto com o ente perdido, preocupação mórbida com desvalia, retardo psicomotor marcado, prejuízo funcional intenso e prolongado. Caso isto ocorra, pode acontecer o que é denominado luto complicado.
Por fim, é necessário lembrar que o luto deve ser vivenciado e incluir ajustes adaptativos com relação a perda ocorrida.