Qual a diferença entre Sexo e Gênero?
Esse texto tem o intuito de auxiliar na compreensão desses termos, especialmente para as pessoas pouco familiarizadas com o tema. O termo “sexo” é utilizado para designar a anatomia humana, referindo-se ao corpo físico, biológico, que é definido pela genética do indivíduo, ou seja, sexo está relacionado à presença de aparelho genital que diferencia macho ou fêmea. Já o gênero está relacionado ao contexto
social e simboliza uma série de regras, comportamentos, gostos, vestimenta e etc. que não estão relacionados à biologia (sexo), mas são fortemente influenciados por ela. Para exemplificar pensemos no caso bastante comum de uma criança que nasce com aparelho reprodutor feminino (sexo!) e será tratada pela família e pela sociedade como uma menina/mulher que usará vestidos, brincará com bonecas, terá um nome feminino e se comportará de determinada maneira que difere dos meninos, a isso denominamos “gênero”!
Porém existem pessoas que nascem do sexo feminino (útero, vulva, etc), porém não se identificam como mulher (gênero): não gostam de usar vestidos, ter comportamentos delicados, brincar de casinha e etc. (isso é apenas um padrão social), mas sim gostam de usar bermudão, boné e jogar futebol, que pelos padrões binários são comportamentos masculinos.
Portanto, essa pessoa que não se identifica com o sexo do nascimento e com gênero ligado a ele imposto pela sociedade, é a chamada pessoa transgênera, como por exemplo, uma pessoa que nasce com vulva, mas se identifica como homem – mais uma vez, homem é uma série de comportamentos e não a presença ou ausência de pênis.
Para complementar esse raciocínio, quando falamos de pessoas transgênero, não nos referimos apenas da binariedade: homem e mulher. Existem pessoas que nascem com determinado aparelho reprodutor, mas que não se identificam nem com padrões de comportamento femininos e nem masculinos – os chamados não binários – mas sim com outros padrões de comportamento, vestimenta e etc.. Um exemplo um pouco mais simples: as pessoas andrógenas, como o cantor David Bowie.
A discussão de gênero, sexo, transsexulalidade e outros temas LGBT sempre trazem consigo a reflexão de padrões sociais, culturais e históricos – como descrito no texto – que exercem forte influência nas reflexões. Por isso, para melhor compreender tais temas é preciso acompanhar as mudanças naturais da sociedade e da comunicação.
A psicologia começou fazer sentido para mim desde a adolescência quando percebi que corpo e mente estão em constante comunicação e se influenciando mutuamente. Desde muito cedo soube o caminho profissional que seguiria: psicologia em interface com o corpo, por isso a escolha da universidade foi criteriosa.
Essa interface me suscitou cada vez mais curiosidade e após muito estudo da psicologia analítica, resolvi buscar algo mais voltado para o funcionamento neurológico, e foi quando iniciei minha formação em neuropsicologia – minha paixão profissional – pela Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de medicina da USP.
A fim de melhorar meu atendimento neuropsicológico e psicológico, especialmente a crianças e adolescentes, realizei curso de Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psiquiatria da USP, e cursos voltados ao aprofundamento da prática clínica tanto pautados na psicologia analítica como na terapia cognitivo comportamental.
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