Psicanálise nos contextos atuais
A Psicanálise, desde sua criação, foi sofrendo ajustes ao longo do tempo de modo que pudesse acompanhar às demandas do sujeito inerentes à mutação do tempo e espaço. O modelo mais ortodoxo da abordagem teórico-prática, amplamente disseminado como aquele em que “o analista só escuta” e alta frequência semanal se tornou cada vez mais escasso.
Cada vez mais o paciente busca uma postura mais participativa do analista, além de resultados mais rápidos. Na “Era da internet e do fast food”, grande parte das pessoas não suporta o sofrimento e a dor por um período muito prolongado.
Quando o paciente chega em nosso consultório, está angustiado e disposto a “fazer qualquer negócio” para alívio de sua angústia, desde que seja rápido e sem muito esforço. Com o passar das sessões, os sintomas dão um respiro e o paciente já experimenta uma sensação de bem-estar.
Os silêncios, que até então eram pausas para reflexão e insights, passam a ser incômodos ao ponto de o paciente acreditar que está perdendo seu tempo, quando na verdade, muitas vezes o analista está tateando nas interpretações por temor à quebra das defesas do paciente.
Frente a um bem-estar parcial, o paciente se considera curado e interrompe o tratamento, até por se nortearem pelo modelo médico de consultas, uma vez que desconsideram o fator continuidade/processo que a psicoterapia está implicada.
Observa-se que isto se agrava com as férias do analista, diante das quais o paciente se vê desamparado e abandonado. Não é incomum que após seu retorno, o terapeuta enfrente “ataques” inconscientes por parte do paciente expressos por meio de atrasos e faltas.
Porém, faz parte do manejo no processo terapêutico lidar com situações como estas, sustentando suas próprias angústias e frustrações, trabalhando sua onipotência, afinal, sem condições mínimas, o trabalho do analista se torna inviável.
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Anete Mancini
Obrigada!