Por que o término de um relacionamento é tão difícil?
Relacionamentos são parte importante da vida humana. Nos relacionamos desde o nascimento com a família, posteriormente com a escola e ao longo dos anos nas mais diversas situações, seja no trabalho, em hobbies ou em vínculos afetivos mais íntimos. O rompimento de uma relação pode significar uma crise afetiva bem significativa.
Para a análise do comportamento, um dos principais processos relacionados às oscilações emocionais presentes no rompimento de um relacionamento é a “extinção”.
De acordo com a análise do comportamento, as ações se mantêm por suas consequências. Skinner (1953) afirma que quando as consequências que mantinham um comportamento deixam de acontecer, ocorre a “extinção”, e nela o comportamento deixa de existir após um tempo.
Contudo, após essa suspensão, num primeiro momento o que se vê é o aumento do comportamento em questão, processo de variação (tentativas diferentes de conseguir a mesma coisa) e reações emocionais que geralmente as pessoas descrevem como frustração ou raiva.
Exemplo: Imagine uma pessoa que está habituada a usar controle remoto, ela aperta o botão e tem como consequência a mudança do canal. Caso ela aperte e o canal não mude, ela tenderá a apertar mais vezes, apertar mais forte, mexer nas pilhas e em último caso se irritará e arremessará o controle.
Neste exemplo infinitamente mais simples, ocorre o início do processo de extinção, uma vez que o comportamento “apertar o botão” deixa de ter como resultado a mudança de canal, e entrou no processo de extinção. Agora pense comigo: se isso acontece num processo comportamental tão simples, imagine o que significaria em algo mais importante como uma relação afetiva?
A intensidade das reações emocionais que a pessoa apresentará estará relacionada ao valor que a relação tinha na vida daquela pessoa. Quanto menos fontes de satisfação (outros vínculos, trabalho, lazer) aquela pessoa tem, maior o valor daquela relação e, portanto, maior a crise emocional pós término, este é um padrão de funcionamento para qualquer perda.
Por exemplo: quando uma pessoa está bem alimentada, com suas necessidades básicas cobertas e com grande quantidade de dinheiro e ela perde 10 reais, isso provavelmente não exercerá efeito emocional significativo. Agora se uma outra pessoa, que vive em condições de dificuldades financeiras, possivelmente sem conseguir suprir suas necessidades, perder 10 reais provavelmente será uma fonte de preocupação muito mais significativa, e possivelmente razão para reações emocionais.
Isso não significa que uma pessoa que possui diferentes fontes de satisfação, e termina um relacionamento não passará pela fase de oscilações emocionais. Mas provavelmente, se aquela era a principal, ou uma das únicas fontes de suporte, ela sentirá esse término de maneira mais importante. Diferenças entre a habilidade individual de tolerância a emoções negativas também farão toda a diferença.
Um dos pontos importantes da extinção, conforme mencionado, é que com o passar do tempo, eventualmente o comportamento diminui e o sofrimento também. Para terminar um relacionamento amenizando o sofrimento, a pessoa precisa ser capaz de desenvolver estratégias para passar pelo processo de extinção imediata, momento difícil, especialmente em relações de longa data. Buscar outras fontes de satisfação e prazer, como participar de atividades físicas, fazer hobbies e atividades prazerosas e contato com amigos próximos e familiares podem ajudar a passar pela fase de maior instabilidade do término.
Bibliografia
Skinner, B. F. (1953/2003). Ciência e comportamento humano. São Paulo: Martins Fontes.