Pensamentos negativos e ruminação
Já se ouviu dizer sobre o modo como a positividade, quando no momento errado ou em excesso pode se tornar tóxica. Ou seja, pode nos fazer mal. O ponto aqui é: obrigar-se a cultivar pensamentos positivos diante de situações que não são propriamente positivas, parece um tanto ilógico e contraintuitivo.
Posto isso, o que dizer dos pensamentos negativos?
O que são, quais assuntos abrangem? Quando é que sinalizam necessidade de um cuidado mais pormenorizado e especializado? Vejamos um pouquinho.
Os pensamentos negativos são aqueles que nos levam ao “não”. São os pensamentos focados no aspecto negativo das coisas em geral, ao lado ruim das situações. Remetem à impossibilidade, à incapacidade, ao
malogro. E esses pensamentos ganham tonalidade patológica quando se tornam repetitivos demais. Intrusivos. Acorrem à mente a qualquer momento, sem cerimônia ou aviso prévio.
Deste modo, causam sofrimento e passam a pertencer ao rol de sinais e sintomas de uma síndrome depressiva.
Esses sintomas repetitivos e intrusivos recebem o nome de ruminação. A ruminação refere-se a um padrão de pensamento repetitivo e intrusivo, muitas vezes focado em aspectos negativos da vida, erros
passados e preocupações, como dito no início do texto.
Esse processo cognitivo desempenha um papel significativo no desenvolvimento e na manutenção da depressão crônica, pois contribui para um ciclo vicioso de desesperança e sintomas
depressivos persistentes.
A ruminação prolongada está associada a vários fatores que podem agravar a depressão crônica:
- Foco no negativo: A ruminação amplifica a atenção do indivíduo para eventos adversos, aumentando a percepção de que o mundo é um lugar hostil e sem esperança.
- Autoexame constante: A pessoa que rumina tende a se concentrar em suas falhas e erros passados, levando a uma autoimagem negativa e à sensação de que não é capaz de superar seus problemas.
- Isolamento social: A ruminação pode levar ao afastamento social, pois a pessoa deprimida muitas vezes se retrai e evita interações sociais, agravando sua sensação de solidão e isolamento.
- Dificuldade em resolver problemas: A ruminação excessiva torna difícil para a pessoa encontrar soluções construtivas para seus problemas, perpetuando o ciclo de depressão.
- Desesperança: A ruminação contínua alimenta a sensação de desesperança, tornando difícil para o indivíduo acreditar que as coisas podem melhorar. Em resumo, a ruminação crônica desempenha um papel central na manutenção da depressão crônica, tornando os sintomas mais persistentes e intensos.
Portanto, terapias que visam abordar e interromper a ruminação podem ser eficazes no tratamento de quadros depressivos crônicos. Além disso, a combinação de intervenções terapêuticas com suporte social e medicamentos, quando apropriado, é frequentemente recomendada para ajudar a quebrar esse ciclo debilitante, tendo em vista a quebra do padrão repetitivo do pensamento, que justamente por se retroalimentar, por vezes pode apresentar um prognóstico tão arrastado em grande parcela da nossa população, entre os mais diferentes perfis de pessoas.
Busque ajuda. Falar é um santo remédio e pode eliminar muitos problemas!