Um pensamento muito corrente acerca dos testes de QI é o de que eles são muito bons para avaliar a performance de um indivíduo.
A afirmação é verdadeira, claro, assim como é parcialmente verdadeira a crítica velada contida na mesma: qualquer teste que se proponha a aferir a inteligência de uma pessoa terá a sua cota de falhas.
Mas antes de falarmos sobre as falhas dos testes de inteligência, talvez seja preciso falar sobre a inteligência em si.
Um jogador de futebol capaz de abrir defesas com passes descomplicados e uma dona de casa que improvise um instrumento para sustentar o seu varal seriam provavelmente descritos como inteligentes, mas não necessariamente teriam o mesmo sucesso se tivessem de trocar de papel.
Evitando embrenhar-me por um sem-fim de possibilidades para a definição deste conceito, a definição de inteligência no contexto da Saúde Mental obedece a uma espécie de lógica darwiniana bastante simples: ela falaria sobre a capacidade de uma pessoa resolver problemas e, principalmente, aprender a resolver estes problemas através da experiência.
Em outras palavras, poderíamos chamar a inteligência de uma espécie de adaptabilidade intelectual.
Um garoto (fisicamente hígido) que tivesse sede e nunca tivesse visto uma torneira em sua vida, por exemplo, não poderia ser descrito como pouco inteligente se não soubesse girá-la, mas este questionamento poderia vir à tona se o mesmo ainda precisasse da ajuda de terceiros para matar a sua sede após anos observando outras pessoas matando a sede abrindo aquela torneira.
Mas, enfim, o escopo deste artigo não é exatamente a inteligência em si, mas sim a forma como profissionais de saúde mental aferem a função psíquica.
Em inglês, o termo coloquial para referir-se a psiquiatra (ou psicoterapeuta) é shrink. Shrink, em seu sentido original, significa encolher. Dentre as mais diferentes interpretações para a origem do termo, a mais clara é a que estabelece uma relação entre o verbo original e o trabalho (até certo ponto reducionista) do psiquiatra no consultório, de dar uma denominação objetiva para toda a gama de vivências subjetivas que o ser humano que está diante de si estaria trazendo.
Poderia este padrão ser visto como falho? Sim, se a proposta do trabalho fosse compartilhar todo o universo psíquico da pessoa que está diante de si. Se, no entanto, a proposta for tão-somente a detecção de desvios de padrões comportamentais, emocionais e cognitivos mais grosseiros, parece um método razoável.
O teste de QI, portanto, tem bastante aplicabilidade neste contexto. Indivíduos de quem se suspeita que possa haver uma deficiência intelectual são submetidos a um teste, e é obtido um resultado que coloca aquele indivíduo em uma faixa de rendimento intelectual. Aqueles cujo resultado seja muito inferior à média (menor que, digamos, 97% dos outros indivíduos submetidos àquele teste) são encaminhados para algum tipo de acompanhamento que trabalhe a adaptabilidade intelectual do indivíduo.
Certamente existem pessoas fazendo uso do teste de QI para outros fins. Não tenho autoridade para comentar sobre estes outros usos, mas me parece uma apropriação indevida de um instrumento técnico. Jamais, por exemplo, usaria o resultado de um teste de QI para comparar a inteligência entre dois indivíduos: é um exercício fútil e altamente questionável.
Para a detecção de desvios claros da média, no entanto, como dito, é um instrumento bastante útil. Uma das características interessantes do teste é a necessidade de “aculturação” do mesmo ao local: o resultado do indivíduo no mesmo é situado dentro da média de outras pessoas de seu meio, por exemplo (e não a uma média “mundial”).
Não pretendo fazer deste texto um libelo em defesa do teste atual de QI. Tenho certeza de que muitos melhoramentos precisam ser feitos, e inevitavelmente o serão, em um futuro próximo. Tenho como objetivo apenas retirar do teste QI esta pecha meio pejorativa que parece originária muito em parte justamente deste uso indevido.
Um pensamento muito corrente acerca dos testes de QI é o de que eles são muito bons para avaliar a performance de um indivíduo. A afirmação é verdadeira, claro, assim como é parcialmente verdadeira a crítica velada contida na mesma: qualquer teste que se proponha a aferir a inteligência de uma pessoa terá a sua cota de falhas. Mas antes de falarmos sobre as falhas dos testes de inteligência, talvez seja preciso falar sobre a inteligência em si. Um jogador de futebol capaz de abrir defesas com passes descomplicados e uma dona de casa que improvise um instrumento para sustentar o seu varal seriam provavelmente descritos como inteligentes, mas não necessariamente teriam o mesmo sucesso se tivessem de trocar de papel. Evitando embrenhar-me por um sem-fim de possibilidades para a definição deste conceito, a definição de inteligência no contexto da Saúde Mental obedece a uma espécie de lógica darwiniana bastante simples: ela falaria sobre a capacidade de uma pessoa resolver problemas e, principalmente, aprender a resolver estes problemas através da experiência. Em outras palavras, poderíamos chamar a inteligência de uma espécie de adaptabilidade intelectual. Um garoto (fisicamente hígido) que tivesse sede e nunca tivesse visto uma torneira em sua vida, por exemplo, não poderia ser descrito como pouco inteligente se não soubesse girá-la, mas este questionamento poderia vir à tona se o mesmo ainda precisasse da ajuda de terceiros para matar a sua sede após anos observando outras pessoas matando a sede abrindo aquela torneira. Mas, enfim, o escopo deste artigo não é exatamente a inteligência em si, mas sim a forma como profissionais de saúde mental aferem a função psíquica. Em inglês, o termo coloquial para referir-se a psiquiatra (ou psicoterapeuta) é shrink. Shrink, em seu sentido original, significa encolher. Dentre as mais diferentes interpretações para a origem do termo, a mais clara é a que estabelece uma relação entre o verbo original e o trabalho (até certo ponto reducionista) do psiquiatra no consultório, de dar uma denominação objetiva para toda a gama de vivências subjetivas que o ser humano que está diante de si estaria trazendo. Poderia este padrão ser visto como falho? Sim, se a proposta do trabalho fosse compartilhar todo o universo psíquico da pessoa que está diante de si. Se, no entanto, a proposta for tão-somente a detecção de desvios de padrões comportamentais, emocionais e cognitivos mais grosseiros, parece um método razoável. O teste de QI, portanto, tem bastante aplicabilidade neste contexto. Indivíduos de quem se suspeita que possa haver uma deficiência intelectual são submetidos a um teste, e é obtido um resultado que coloca aquele indivíduo em uma faixa de rendimento intelectual. Aqueles cujo resultado seja muito inferior à média (menor que, digamos, 97% dos outros indivíduos submetidos àquele teste) são encaminhados para algum tipo de acompanhamento que trabalhe a adaptabilidade intelectual do indivíduo. Certamente existem pessoas fazendo uso do teste de QI para outros fins. Não tenho autoridade para comentar sobre estes outros usos, mas me parece uma apropriação indevida de um instrumento técnico. Jamais, por exemplo, usaria o resultado de um teste de QI para comparar a inteligência entre dois indivíduos: é um exercício fútil e altamente questionável. Para a detecção de desvios claros da média, no entanto, como dito, é um instrumento bastante útil. Uma das características interessantes do teste é a necessidade de “aculturação” do mesmo ao local: o resultado do indivíduo no mesmo é situado dentro da média de outras pessoas de seu meio, por exemplo (e não a uma média “mundial”). Não pretendo fazer deste texto um libelo em defesa do teste atual de QI. Tenho certeza de que muitos melhoramentos precisam ser feitos, e inevitavelmente o serão, em um futuro próximo. Tenho como objetivo apenas retirar do teste QI esta pecha meio pejorativa que parece originária muito em parte justamente deste uso indevido.
No Brasil, até meados do século XIX, os pacientes psiquiátricos eram objeto da justiça: os violentos iam para as prisões e os pacíficos perambulavam pelas ruas sem receberem qualquer tipo de tratamento especializado.
A Mancini Psiquiatria e Psicologia oferece soluções customizadas em Saúde Mental para a sua empresa, desde a detecção e tratamento de transtornos psiquiátricos e psicológicos até diagnósticos e intervenção sistêmicos da identidade corporativa.