Os transtornos alimentares – Parte 1: Anorexia Nervosa
Hoje iniciaremos uma sequência de textos em que iremos explorar os Transtornos Alimentares. Vamos abordar os mais frequentes, que são: Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa e Transtorno da Compulsão Alimentar.
Começaremos então com a Anorexia Nervosa. Sua prevalência varia entre 0,5% a 3,7% da população, sendo que 90% dos pacientes são mulheres. A maioria desenvolve os sintomas entre 13 e 20 anos de idade, com pico aos 16. Atletas, modelos, bailarinas e profissionais de moda e saúde apresentam maior risco.
Há relatos desse transtorno desde o século XIII, em que freiras jejuavam até atingirem pesos baixíssimos. Atualmente, apesar de existirem outros fatores associados à doença, é inegável a influência da mídia e da cultura da magreza. Existe na sociedade uma ideia de que para ser feliz e bem-sucedida é necessário ser magra. Revistas, novelas e outros meios de comunicação estampam essa imagem.
Mesmo que utópicas e ilusórias, já que as fotos na maioria das vezes passam por processos de correção do tipo Photoshop, as imagens são vistas pela população como sinônimo de beleza. Uma parcela dessas pessoas, que já podem ser susceptíveis ao transtorno por outros fatores, começa a viver sua vida em função dessa cultura da magreza.
Todo mundo já se preocupou com seu peso e seu corpo em algum momento, mas a diferença em quem tem Anorexia Nervosa é que essa preocupação vira uma obsessão, que passa a comandar a vida da pessoa. Muitas vezes o quadro fica tão grave que a paciente não consegue mais trabalhar, estudar e nem se divertir, seja pelo quadro psiquiátrico, seja pelas questões clínicas de saúde decorrentes do baixo peso.
Aliás, a Anorexia Nervosa é o transtorno psiquiátrico com maior mortalidade, justamente porque o baixo peso provoca alterações perigosas no corpo, como hipotermia, distúrbios hormonais, desnutrição, distúrbios hidroeletrolíticos e outros.
Vamos então falar dos sintomas que caracterizam a Anorexia Nervosa. São eles: restrição da ingesta calórica levando ao baixo peso autoinduzido, medo intenso de engordar e distorção de sua imagem corporal. A paciente pode ser magérrima, mas sua vivência é de se sentir muito gorda.
O transtorno pode ser do tipo restritivo, em que ocorre restrição da dieta, ou purgativo, em que ocorrem vômitos, uso de laxantes ou diuréticos para perder peso. Outros métodos compensatórios utilizados são praticar exercícios físicos exageradamente e uso de medicações inibidoras do apetite.
Todos esses métodos são extremamente perigosos. A anorexia nervosa é um transtorno psiquiátrico grave, que impressiona por superar um instinto tão vital como a fome, e deve ser tratada o quanto antes para prevenir que se cronifique e que apareçam doenças clinicas associadas.
Para o tratamento adequado é imprescindível uma equipe multidisciplinar com psiquiatra, nutricionista e psicólogo. As fases essenciais do tratamento são a realimentação e a mudança da maneira com que a paciente vivencia seu corpo. Medicamentos são utilizados se há outras doenças psiquiátricas associadas.
Bibliografia
American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders – DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.
1 Comment
Anete Mancini
Muito Bom!