Os desafios e riscos para a saúde mental na quarentena
A quarentena normalmente é uma experiência desagradável, pois existe separação de parentes, perda da liberdade, incerteza sobre a doença e tédio, que pode causar situações difíceis e desafiadoras para a saúde mental.
Tem mais chance de sofrer algum impacto psicológico mulheres jovens (de 16 a 24 anos), com baixo grau de instrução e com filhos.
O profissionais da saúde em quarentena apresentaram sintomas mais intensos de ansiedade, raiva, medo, frustração, culpa e tristeza, além de mais medo de infectar outras pessoas.
Os fatores que mais contribuem para isso durante a quarentena são:
– a duração da quarentena: quanto mais longa a quarentena, maior o impacto na saúde mental, causando principalmente sintomas de raiva, ansiedade e esquiva (fuga).
– medo da infecção: as pessoas em quarentena apresentaram temor pela própria saúde ou de infectar os outros. Gestantes e famílias com filhos pequenos representam uma grande parcela da população que tem medo da infecção.
– frustração e tédio: o confinamento, a perda da rotina e a redução do contato físico e social com outras pessoas frequentemente causam tédio, frustração e sensação de isolamento do resto do mundo. Estes sentimentos podem causar angústia a quem está de quarentena. A frustração aumenta diante da impossibilidade de realizar as atividades do dia a dia, como fazer as próprias compras de necessidades básicas ou interagir socialmente.
– inadequação de suprimentos: a falta de água, comida, roupas ou acomodação durante a quarentena é uma fonte de frustração, e tem sido associada à ansiedade e raiva. Estes sentimentos podem durar por volta de quatro a seis meses após o término da quarentena. Além disto, a falta de acesso a atendimento médico regular e prescrições médicas também é um problema para as pessoas em quarentena.
– falta de informação: Muitas pessoas que ficaram em quarentena citaram que a falta de informações do poder público é um estressor, referindo insuficiência de orientações sobre ações e o propósito da quarentena. A pessoas também relataram uma falta de transparência das autoridades sobre a gravidade da pandemia.
O que se pode fazer para atenuar as consequências da quarentena enquanto ela ocorre?
Muitas coisas podem fugir do nosso controle como duração da quarentena.
Mas algumas coisas podem ajudar:
– cobrar transparência do governo: exigir explicações para manter a quarentena, a previsão de duração e como será feito o aporte e suprimentos
– praticar a gentileza: ajudar pessoas que possam não ter comida ou água, doando uma parte para elas. Você pode estar confortável por ser a pessoa que tem os suprimentos, mas com certeza se estivesse do outro lado, teria sido muito agradecido pelo gesto.
– reduzir o tédio e melhorar a comunicação: O tédio e o isolamento causam angústia e sofrimento. É essencial manter rotina para contornar o tédio e acionar amigos e familiares remotamente, para reduzir o senso de isolamento.
Com a liberação da telemedicina, pode ser útil buscar suporte com um profissional da saúde mental ou se consultar com um psiquiatra caso ache que não está dando conta. Pedir ajuda pode ser essencial para que você mantenha uma positividade durante o período.
Busque linhas diretas com profissionais de saúde que possam dar informações sobre o que fazer e para onde se dirigir em caso de contaminação.
– No caso de profissionais da saúde: assim como a população em geral, eles sofrem efeitos negativos. Muitos acabam sentindo-se culpados por abandonar seus postos de trabalho e de causar uma sobrecarga aos seus colegas. É importante que estas pessoas tenham o suporte de seus colegas mais próximos. Busque ajuda de um colega de saúde mental.
No geral, as consequências da quarentena são amplas e podem durar por um longo tempo. Isso não quer dizer que a quarentena não deva ser aplicada, mas em necessidade dela, busque medidas para que essa experiência seja mais tolerável.
E lembre-se: pandemias passam. Inclusive, na China já passou.