O Transtorno Específico de Aprendizagem em Matemática
Na nossa cultura não é incomum ouvirmos crianças e adolescentes se queixarem de dificuldade em matemática, bem como necessitarem de uma ajuda extra para compreender essa matéria. Porém é importante saber a diferença entre uma dificuldade de aprendizagem (que pode envolver fatores ambientais e emocionais) e um Transtorno Específico de Aprendizagem em Matemática, também chamada de Discalculia. Para compreender esse quadro, é importante entender como nosso cérebro é programado para lidar com números.
Existem algumas habilidades básicas, ‘Competências Aritméticas’, que precisam estar intactas e bem desenvolvidas para sermos capazes de realizar cálculos. A primeira delas, chamada de ‘Competência de Magnitude Analógica’ envolve a habilidade de perceber e estimar quantidades, saber qual grupo tem maior quantidade e qual tem menor (habilidades já existentes em bebês ou em animais) e saber que em uma linha de números, eles aumentam da direita para esquerda. É importante pontuar que a percepção
de quantidades parece estar localizada na mesma região do cérebro que processa a percepção do espaço, ou seja, noção de distâncias e tamanhos de objetos.
A segunda Competência Aritmética necessária para o bom desenvolvimento dos processos matemáticos é a ‘representação verbal dos números’, ou seja, a capacidade de nomeá-los e contá-los, que se inicia com a utilização de materiais concretos e depois evolui para contagem silenciosa. Ainda dentro
dessa competência existe a recuperação de fatos aritméticos, que são contas básicas que não precisamos pensar para chegar a um resultado, como por exemplo: 2+2=4 ou 3×5=15 (aqui entra o famoso “decorara a tabuada”).
E a terceira Competência Aritmética é a ‘representação dos símbolos numéricos’ que é a leitura e escritas dos algarismos arábicos.
As pessoas com Discalculia apresentam déficits nas Competências Aritméticas básicas, por isso apresentam extrema dificuldade escolar na área da matemática, precisando muitas vezes de apoio para realização de cálculos. Essas dificuldades, entretanto, ultrapassam os muros acadêmicos, e a maioria das situações que envolvem matemática ou habilidades aritméticas tornam-se um problema, como por exemplo estimar quantidade de roupas para levar para uma viagem, contagem de tempo de compromissos, dificuldade com horas ou com as finanças, estimar distancias, ou até mesmo cozinhar.
É importante salientar, entretanto, que pessoas com discalculia costumam ter as outras habilidades cognitivas e inteligência preservadas. Porém, por se tratar de um transtorno, não existe cura, mas sim treinamentos para amenizar as dificuldades de dia a dia, podendo ser feito através de acompanhamento
profissional, como psicopedagogos ou neuropsicólogo que utilizará jogos, exercícios e adaptações de rotina para melhorar qualidade de vida do paciente.