A Neuropsicologia é uma área do conhecimento com interface entre a neurologia e a psicologia e que, apesar de lidar com conhecimentos muito modernos sobre o cérebro e o comportamento humano, tem uma longa história de desenvolvimento que remonta à época do Antigo Egito (3.000 anos a.C.) com registros de lesões cerebrais e dos comprometimentos cognitivos relacionados a estas (alteração de linguagem, de fala e de comportamento).

Da mesma forma, muitos outros povos especularam sobre a relação entre mente e cérebro. Cláudio Galeno (Claudius Galenus), proeminente médico e filósofo romano de origem grega, e provavelmente o mais talentoso médico investigativo do período romano, ao estudar ferimentos de guerra, percebeu a relação entre lesões no crânio e déficits nas funções cognitivas.

Entretanto, apenas no século XIX, com o advento dos estudos dos localizacionistas de Franz Gall e Paul Broca que áreas específicas do cérebro foram associadas a determinadas funções mentais. Esta concepção do funcionamento cerebral concorria diretamente com o globalismo, que defendia a ideia de que as funções estariam espalhadas pela massa encefálica. Atualmente, sabemos que apesar da importância das múltiplas conexões entre os neurônios e dos circuitos neuronais para o funcionamento do cérebro,e da capacidade de diferentes áreas se adaptarem e assumirem novas funções, cada região trabalha com uma função mental especializada, havendo um limite na “plasticidade” cerebral.

Apenas no século XX, o psicólogo Donald Olding Hebb (1904–1985), atribuiu o termo “Neuropsicologia” ao “campo da ciência que estuda as relações entre as funções psíquicas, comportamentais e o cérebro, visando estabelecer correlações de base funcional e “topográfica” (localizatória) (Barbizet e Duizabo, 1985; Mader, 2001; Lezak, 2004). No Brasil, os primeiros estudos na área foram publicados em 1950, pelo neuropediatra Antonio Frederico Lefèvre, sobre a psicopatologia da afasia (alteração de linguagem) em crianças. Outros autores deram continuidade a seus estudos e chegaram a criar o primeiro serviço de neuropsicologia, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo, em 1971. Apenas em 2004 o Conselho Federal de Psicologia (CFP) reconheceu a neuropsicologia como especialidade da psicologia.

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