O que é necessário para um bom uso das redes sociais?
Quando falamos no uso das redes sociais não é incomum que se venha à tona a ideia de que “redes sociais afetam a saúde mental das pessoas”, trazendo discussões a respeito da superficialidade e da falta de realidade dos conteúdos postados, e de como essa exposição acaba gerando comparações e
consequentemente prejuízos à saúde mental, como sentimentos de inadequação, fracasso, tristeza entre outros.
Esse aspecto é de extrema importância para saúde mental, porém o impacto das redes sociais vai muito além desse exemplo. Além das comparações, causando problemas de autoestima, temos estímulo ao consumismo gerando insatisfação com o que já se possui, a quantidade e velocidade das informações expostas, bem como a disseminação de fake news gerando ansiedade, o acesso a conteúdos inadequados ou impróprios gerando culpa, o uso das redes como forma de distração emocional evitando o contato e resolução de um problema vivido, entre outros.
Diante desses pontos negativos do uso das redes sociais algumas habilidades psíquicas precisam estar bem formadas e fortalecidas para que haja o consumo saudável desses aplicativos, como por exemplo uma boa autoestima. A auto estima diz respeito à construção e fortalecimento do Ego, autoconhecimento, auto percepção e aceitação de si mesmo. Esse aspecto psíquico bem estruturado evita sofrimento diante de comparações, ou pode evitar as comparações em si.
Outro ponto importante a ser levado em consideração para o uso saudável das redes sociais é o auto controle, envolvendo, por exemplo, a tomada de decisão: “preciso desligar para estudar/trabalhar” ou “não vou comprar porque não estou precisando no momento”. A boa noção do tempo, a percepção verdadeira da velocidade dos processos na vida e no dia a dia, bem como um bom gerenciamento dele, são aspecto que também fazem parte do auto controle, e portanto necessários para o bom uso da rede. Essas habilidades ainda não se encontram bem desenvolvidas em crianças e adolescentes, precisando, portanto, do auxílio dos pais.
É preciso também ter um bom senso crítico, sabendo o que é adequado ou não consumir e expor, como por exemplo, saber que o entretenimento não deve ridicularizar, expor, objetificar ou desmerecer pessoas, bem como saber o que é compartilhável ou não para proteger a própria privacidade. O discernimento para identificar o que é charlatanismo, assim como ter a iniciativa e o conhecimento para
procurar (e aonde procurar) notícias ou estudos confiáveis a respeito de informações lidas, também fazem parte do senso crítico, que começa a se desenvolver na adolescência e que, portanto, também precisa de orientação parental.
São por essas capacidades psíquicas, que demoram um tempo para serem desenvolvidas no ser humano, que as crianças e adolescentes necessitam de supervisão, bem como orientação familiar para fazer um uso saudável das redes sociais, uma vez que estas podem trazer muitos benefícios como aprendizagem ou comunicação e fazem parte do processo de socialização da adolescência.