O que é desregulação emocional?
Ao longo de nosso dia, convivemos com diversas emoções: felicidade, tristeza, ansiedade, gratidão, compaixão, raiva, desesperança, entre tantas outras. Elas são responsáveis por dar coloração e textura às nossas experiências, ligando-nos aos nossos desejos e necessidades.
É importante observar que a emoção é o resultado de uma totalidade de processos que envolvem como avaliamos e julgamos a situação, sensações corporais (batimentos cardíacos, respiração), comportamentos (como agimos), nossa relação com o que estamos fazendo e com as pessoas ao nosso redor.
Quando passamos por experiências que nos demandam muito, vivenciamos um aumento crescente na intensidade das emoções. Dessa forma, cada pessoa utilizará seus mecanismos para lidar com essa intensidade. Contudo, algumas pessoas apresentam estratégias que podem auxiliar a lidar com essas emoções em um primeiro momento (como soluções temporárias), mas que no longo prazo podem acarretar problemas – por exemplo, fazer uso de álcool ou de outras drogas, comer em excesso, comprar em excesso, automutilação, ruminação.
A desregulação emocional pode ser definida como a dificuldade em processar a intensidade das emoções, levando a mecanismos prejudiciais para lidar com as experiências. Essa desregulação pode aparecer ou como uma ativação excessiva das emoções ou como uma desativação excessiva.
No primeiro caso, há uma intensificação tão grande das emoções que o indivíduo as sente como problemáticas ou opressoras, resultando em pânico ou terror, por exemplo. Já no segundo há um entorpecimento emocional, que afastam o indivíduo da experiência, impedindo seu processamento.
A regulação emocional então consiste no conjunto de mecanismos e estratégias que o indivíduo utiliza para tentar lidar com a intensidade emocional que lhe prejudica. Uma comparação frequente é com o controle de temperatura: usa-se mecanismos para evitar que fique “quente demais” ou “frio demais”.
As estratégias para regular as emoções são consideradas adaptativas quando permitem ao indivíduo reconhecer e processar essas emoções de modo a permitir uma resposta que seja coerente com seus valores no curto e no longo prazo. Todavia, como já pontuado acima, alguns indivíduos podem lançar mão de estratégias que podem promover um alívio momentâneo, mas que no longo prazo trazer problemas.
A desregulação emocional está presente em diversos transtornos psiquiátricos, como fobias, transtorno de ansiedade generalizada, depressão, transtorno de personalidade borderline, bulimia nervosa, anorexia nervosa, transtorno de estresse pós-traumático.
Um aspecto importante do tratamento da desregulação emocional é auxiliar o indivíduo a reconhecer suas emoções e as estratégias que tem usado para lidar com as intensidades não desejáveis, o quanto elas têm sido efetivas e contribuído para seus valores e objetivos, e, dessa forma, auxiliá-lo a desenvolver mecanismos mais adaptativos.
BIBLIOGRAFIA
Leahy, RL; Tirch, D; Napolitano, LA. Regulação emocional em psicoterapia. Porto Alegre : Artmed, 2013. Pp. 19-36.
1 Comment
Anete Mancini
Muito bom.