Motivação: uma visão comportamental
Motivação é um assunto discutido em diversos contextos em que o comportamento humano é relevante. Em relações profissionais, pessoais ou até mesmo em convivência mais rotineira, avaliar o grau de motivação das pessoas é uma tendência natural nos relacionamentos.
Skinner, um dos principais autores da análise do comportamento nos traz uma visão bem interessante sobre comportamento, considerando que o que o explica é sua história de geração de consequências, pois as consequências que ocorreram após o comportamento provavelmente selecionaram a probabilidade de ele ocorrer no futuro. Este processo é chamado de reforçamento.
Para compreender a motivação a partir do mesmo ponto de vista, criou-se o conceito de operações estabelecedoras. Michael (1982) afirma que as operações estabelecedoras são variáveis ambientais que afetam o indivíduo de duas formas: alterando temporariamente o poder das consequências de fazer com que os comportamentos se repitam no futuro (efeito criador de reforço), e alterando a quantidade de realização de comportamentos que no passado foram capazes de gerar essas consequências (efeito evocativo).
Por exemplo: uma pessoa que está privada de água terá uma alta probabilidade de emitir comportamentos que no passado foram capazes de gerar água (pedir água para um amigo próximo, procurar um bebedouro, comprar água numa lanchonete). Se o comportamento de pedir água a um amigo funcionar, naquele momento o acesso à água funcionará como algo que aumenta a probabilidade de ela pedir coisas a esse amigo no futuro. Ou seja, a condição de privação de água (sede) tanto aumenta a chance de a pessoa fazer o que no passado funcionou para ela em conseguir esse elemento, como também em aumentar a probabilidade de ocorrer qualquer comportamento que funcione nesse sentido (reforçamento).
Essa ideia nos ensina que além de ver a motivação como algo que ocorre “dentro da pessoa” é possível considerar que condições que acontecem no contexto e na vida dela alteram também o valor das coisas e a probabilidade de ela ter determinados comportamentos.
Bibliografia
Michael, J. ( 1982). Distinguishing between discriminative and motivational functions of stimuli. Journal of the Experimental Analysis of Behavior, 37, 149‐ 155.