Mitos e Verdades sobre a Medicação Psiquiátrica – Parte 3
Hoje continuaremos a discutir sobre o uso de medicamentos em psiquiatria, os mitos e as verdades que envolvem seu uso. A pergunta a ser respondida dessa vez é: remédio psiquiátrico vicia?
Uma preocupação muito comum quando se é prescrita alguma medicação é se há o risco de se tornar dependente dela. Muitas pessoas evitam tomar medicação por causa disso.
Contudo, a maior parte das medicações utilizadas em psiquiatria não trazem esse risco, são medicações seguras para serem usadas mesmo no longo prazo sem gerar dependência.
Uma questão que pode confundir algumas pessoas é a síndrome de retirada que acontece com algumas medicações, por exemplo, antidepressivos como a paroxetina e a venlafaxina.
Da mesma forma que o organismo pode apresentar alguns efeitos colaterais durante o período de adaptação com a medicação, podem aparecer alguns sintomas com a retirada também.
Isso acontece se a medicação é retirada de maneira muito abrupta, principalmente se era utilizada em doses elevadas. Tem como sintomas: irritabilidade, ansiedade, tontura, náuseas, dor de cabeça, letargia, entre outras.
Para evitar a síndrome de retirada, a medicação é reduzida paulatinamente de modo que o organismo se adapte aos poucos. Algumas pessoas se assustam com a síndrome de retirada, pensando terem se tornado dependentes da medicação, o que não é verdade: basta uma redução gradual.
Outra dúvida que pode gerar confusão é o fato que alguns transtornos necessitam de uso contínuo de medicações, como o transtorno afetivo bipolar e a esquizofrenia. Não se pode falar em dependência nesses casos, pois o uso contínuo da medicação é para o tratamento, como em outras doenças, por exemplo, alterações da tireoide.
Todavia, é importante ressaltar que algumas medicações podem sim causar dependência se utilizadas de maneira incorreta, sem acompanhamento médico regular.
Tais remédios recebem uma tarja preta em sua embalagem. São exemplos de medicações assim os calmantes (como clonazepam e diazepam, utilizados em quadros de ansiedade) e os estimulantes (como ritalina, utilizada em quadros de déficit de atenção e hiperatividade).
O acompanhamento regular com o psiquiatra e o esclarecimento de suas dúvidas durante a consulta são medidas essenciais para o uso adequado das medicações. Na próxima semana conversarei sobre: como lidar com os efeitos colaterais das medicações?