Método Rorschach: História e Aplicação.
Devido ao grande interesse dos leitores no primeiro texto sobre o Método Rorschach, daremos continuidade ao tema:
O Método foi criado em 1921 por Hermann Rorschach, psiquiatra e psicanalista suíço, inspirado em um jogo infantil do século XIX chamado Klecksographie (Klecks=manchas de tinta).
Em 1917-1918, enquanto trabalhava no hospital Krombach na cidade de Herisau, na Suíça, desenvolveu um estudo mais sistemático do teste com manchas de tinta no contexto psiquiátrico, tanto com pacientes como com funcionários e estudantes, isto é, um grupo controle.
A primeira edição do teste foi publicada em 1921 e recebeu o nome de Psychodiagnostik. Inicialmente, o teste era composto por 40 pranchas e logo passou para 15. Devido ao alto custo, Rorschach foi obrigado a reformatá-lo, reduzindo-o a 10 pranchas.
Em 1922 o autor faleceu precocemente, com apenas 38 anos. Muito de seu trabalho ainda não havia sido publicado e a comunidade científica pareceu não se interessar. Os direitos do teste foram comprados pelo editor Huber, que voltou a se dedicar a estudos e publicações.
O grande problema foi que as novas publicações e pranchas não foram as mesmas utilizadas no estudo desenvolvido por Rorschach. Por este motivo, diversos autores deram continuidade a seu trabalho criando sistemas de codificação e interpretação de dados diferentes.
Autores da Europa e dos Estados Unidos se dedicaram a treinar a aplicação e a correção do teste. Nomes como Hans Binder, Walter Morgenthaler, Emil Oberholzer, Georgi Roemer, Hans Behn-Eschenburg e Hans Zulliger ganharam maior destaque na Europa. David Levy levou o teste para os Estados Unidos e diversos outros autores provindos da Alemanha e da Polônia criaram sua própria versão.=
Naturalmente, foi necessária uma unificação de todos estes tipos de codificação e interpretação e foi o dinamarquês-suiço Ewald Bohm que se encarregou do trabalho, publicando o Lehrbuch der Rorschach-Psychodiagnostik em 1958. Nos Estados Unidos, foi John E. Exner Jr. o responsável por unificar as cinco maiores escolas do teste Rorschach, criando o Sistema Compreensivo, mais conhecido e utilizado nos demais países.
Como funciona o teste?
Hoje o teste mantém as 10 pranchas de manchas de tinta. Algumas delas acromáticas e outras cromáticas. Durante a aplicação, é solicitado ao sujeito que diga o que vê nas manchas, enquanto o avaliador anota suas respostas. O princípio básico do teste é de que o paciente projeta aspectos de sua própria personalidade ao identificar informações ambíguas fornecidas pelas manchas.
O conceito de projeção baseia-se na teoria freudiana de projeção, um mecanismo de defesa em que o indivíduo atribui de maneira inconsciente características negativas de sua própria personalidade a outra pessoa. A maior vantagem dos testes projetivos, quando comparados aos testes estruturados e escalas, é o fato de o paciente não poder “manipular” os dados, isto é, tais testes “enganam” os mecanismos de defesa, podendo obter conteúdos inacessíveis à consciência.
O Método Rorschach é bastante minucioso e fornece informações importantes sobre o sujeito avaliado. É mais utilizado na área clínica, mas tem sido um recurso recorrente em processos admissionais, principalmente para cargos de confiança. Apesar da simples aplicação, é muito trabalhoso, o que justifica seu custo mais alto.