O medo, sentimento vasto, ligado à uma plêiade de outras sensações. Angústia, de acordo com seu radical etimológico na língua alemã, guarda estreita relação com o conceito de medo. Tal sugere que medo, angústia e pânico estejam profundamente interligados.
Um terreno de areia movediça é uma alegoria possível para o medo. Emoção basal positiva e necessária à reação afetiva, que afeta o ser vivo. Um alerta que obriga a uma reação.
Medo: ameaça e salvação
Surge uma encruzilhada de reações possíveis, onde de um lado aponta à luta, o outro, à fuga.
Ao se assustar, pode-se ir ao embate, à luta de fato. Ou, tendo em vista a autopreservação, pode-se fugir. Ambos movimentos, embora com sentidos opostos, guardam a mesma intenção da autopreservação da existência do ser.
Do contrário, como ocorre em condições de afecção neurológica com prejuízos à região pré-frontal do córtex, a sensação de medo passa a ser suprimida, não existir, fazendo com que o sujeito não apresenta a noção de risco de uma maneira geral.
Com isso, ele não é capaz de avaliar de maneira adequada as situações de risco que cotidianamente aparecem à todos, nos mais diversos exemplos: desde um semáforo ao dirigir, carros passando na rua ao atravessar ou um salto de cabeça na linda cachoeira, com potenciais desastrosos.
A vida em grupo é um exemplo de situação que, ao menos teoricamente, protege o ser humano das possibilidades de ameaça e destruição presentes no mundo. Assim também o fazem os constructos simbólicos que o homem cria para si, entre eles o dinheiro, a religiosidade ou o conhecimento intelectual. Símbolos aos quais o sujeito recorre buscando proteção, em vistas de mitigar o sentimento de vulnerabilidade de estar no mundo que o medo traz.
A angústia então pode assumir diversas formas de patologia, entre elas a mais conhecida: a síndrome do pânico. Distúrbio no qual o sujeito é tomado pelo medo em sua forma mais pura, promovendo respostas fisiológicas no sentido de preparar o organismo para a situação de luta ou fuga de que falamos anteriormente.
Fazendo um salto do escopo da ciência dura e fria ao pensamento filosófico abstrato, é possível considerar que o tamanho humano diante da vastidão do universo é infimamente pequeno. O que aponta à uma visão em perspectiva. Traz o insight de que o ser humano é limitado. Possui suas potências, suas grandiosidades, e também suas fraquezas e limitações.
Perceber-se reduzido ao nada, como nos escritos Heideggerianos, traz angústia. Esse é o momento em que nos sentimos mal. Fracos, pequenos, em alguns casos, desesperados, como em Kierkgaard e suas reflexões existenciais.
Sentir-se pequeno e impotente é dar lente de aumento ao um grande Outro, hipervalorizado em suas dimensões e em seu, agora terrível, potencial de destruir o “Eu”.
O que fazer em relação ao medo?
Como sugestão, pode-se pensar que esse grande Outro terrível não passa de uma fantasia. Uma fantasia criada pelo próprio Eu. Como grande Outro entenda-se a ameaça que se queira, podendo ser diferente para cada um. Cada pessoa sente-se ameaçada por causas distintas, ainda que os mais intrépidos não reconheçam.
A onipotência do Outro na verdade não existe. Nem para destruí-lo, tampouco para salvá-lo. Esperar uma solução completa e absoluta vinda de fora é um desejo que traz e seu bojo a ilusão de, se o outro é grande o bastante para me destruir, então tem todo o poder de me salvar.
Uma vez que relativizamos o tamanho desse Outro, surge a noção de perspectiva, com grande potencial de trazer um respiro de calma para a situação.
A ameaça fantasiada passa a não ser poderosa o bastante para destruir o Eu; até porque não existe herói suficiente para a salvação completa e absoluta.
Minha curiosidade pelos processos da mente humana, suas estruturas, as viscissitudes e singularidades que fazem cada um de nós ser tão único, o gosto pelos estudos.
Afinal, o que é o medo? O medo, sentimento vasto, ligado à uma plêiade de outras sensações. Angústia, de acordo com seu radical etimológico na língua alemã, guarda estreita relação com o conceito de medo. Tal sugere que medo, angústia e pânico estejam profundamente interligados. Um terreno de areia movediça é uma alegoria possível para o medo. Emoção basal positiva e necessária à reação afetiva, que afeta o ser vivo. Um alerta que obriga a uma reação. Medo: ameaça e salvação Surge uma encruzilhada de reações possíveis, onde de um lado aponta à luta, o outro, à fuga. Ao se assustar, pode-se ir ao embate, à luta de fato. Ou, tendo em vista a autopreservação, pode-se fugir. Ambos movimentos, embora com sentidos opostos, guardam a mesma intenção da autopreservação da existência do ser. Do contrário, como ocorre em condições de afecção neurológica com prejuízos à região pré-frontal do córtex, a sensação de medo passa a ser suprimida, não existir, fazendo com que o sujeito não apresenta a noção de risco de uma maneira geral. Com isso, ele não é capaz de avaliar de maneira adequada as situações de risco que cotidianamente aparecem à todos, nos mais diversos exemplos: desde um semáforo ao dirigir, carros passando na rua ao atravessar ou um salto de cabeça na linda cachoeira, com potenciais desastrosos. A vida em grupo é um exemplo de situação que, ao menos teoricamente, protege o ser humano das possibilidades de ameaça e destruição presentes no mundo. Assim também o fazem os constructos simbólicos que o homem cria para si, entre eles o dinheiro, a religiosidade ou o conhecimento intelectual. Símbolos aos quais o sujeito recorre buscando proteção, em vistas de mitigar o sentimento de vulnerabilidade de estar no mundo que o medo traz. A angústia então pode assumir diversas formas de patologia, entre elas a mais conhecida: a síndrome do pânico. Distúrbio no qual o sujeito é tomado pelo medo em sua forma mais pura, promovendo respostas fisiológicas no sentido de preparar o organismo para a situação de luta ou fuga de que falamos anteriormente. Fazendo um salto do escopo da ciência dura e fria ao pensamento filosófico abstrato, é possível considerar que o tamanho humano diante da vastidão do universo é infimamente pequeno. O que aponta à uma visão em perspectiva. Traz o insight de que o ser humano é limitado. Possui suas potências, suas grandiosidades, e também suas fraquezas e limitações. Perceber-se reduzido ao nada, como nos escritos Heideggerianos, traz angústia. Esse é o momento em que nos sentimos mal. Fracos, pequenos, em alguns casos, desesperados, como em Kierkgaard e suas reflexões existenciais. Sentir-se pequeno e impotente é dar lente de aumento ao um grande Outro, hipervalorizado em suas dimensões e em seu, agora terrível, potencial de destruir o “Eu”. O que fazer em relação ao medo? Como sugestão, pode-se pensar que esse grande Outro terrível não passa de uma fantasia. Uma fantasia criada pelo próprio Eu. Como grande Outro entenda-se a ameaça que se queira, podendo ser diferente para cada um. Cada pessoa sente-se ameaçada por causas distintas, ainda que os mais intrépidos não reconheçam. A onipotência do Outro na verdade não existe. Nem para destruí-lo, tampouco para salvá-lo. Esperar uma solução completa e absoluta vinda de fora é um desejo que traz e seu bojo a ilusão de, se o outro é grande o bastante para me destruir, então tem todo o poder de me salvar. Uma vez que relativizamos o tamanho desse Outro, surge a noção de perspectiva, com grande potencial de trazer um respiro de calma para a situação. A ameaça fantasiada passa a não ser poderosa o bastante para destruir o Eu; até porque não existe herói suficiente para a salvação completa e absoluta. Não deixe de procurar a orientação de profissionais e ajuda médica. Acesse o nosso site: https://mancinipsiquiatria.com.br/
Afinal, o que é o medo? O medo, sentimento vasto, ligado à uma plêiade de outras sensações. Angústia, de acordo com seu radical etimológico na língua alemã, guarda estreita relação com o conceito de medo. Tal sugere que medo, angústia e pânico estejam profundamente interligados. Um terreno de areia movediça é uma alegoria possível para o medo. Emoção basal positiva e necessária à reação afetiva, que afeta o ser vivo. Um alerta que obriga a uma reação. Medo: ameaça e salvação Surge uma encruzilhada de reações possíveis, onde de um lado aponta à luta, o outro, à fuga. Ao se assustar, pode-se ir ao embate, à luta de fato. Ou, tendo em vista a autopreservação, pode-se fugir. Ambos movimentos, embora com sentidos opostos, guardam a mesma intenção da autopreservação da existência do ser. Do contrário, como ocorre em condições de afecção neurológica com prejuízos à região pré-frontal do córtex, a sensação de medo passa a ser suprimida, não existir, fazendo com que o sujeito não apresenta a noção de risco de uma maneira geral. Com isso, ele não é capaz de avaliar de maneira adequada as situações de risco que cotidianamente aparecem à todos, nos mais diversos exemplos: desde um semáforo ao dirigir, carros passando na rua ao atravessar ou um salto de cabeça na linda cachoeira, com potenciais desastrosos. A vida em grupo é um exemplo de situação que, ao menos teoricamente, protege o ser humano das possibilidades de ameaça e destruição presentes no mundo. Assim também o fazem os constructos simbólicos que o homem cria para si, entre eles o dinheiro, a religiosidade ou o conhecimento intelectual. Símbolos aos quais o sujeito recorre buscando proteção, em vistas de mitigar o sentimento de vulnerabilidade de estar no mundo que o medo traz. A angústia então pode assumir diversas formas de patologia, entre elas a mais conhecida: a síndrome do pânico. Distúrbio no qual o sujeito é tomado pelo medo em sua forma mais pura, promovendo respostas fisiológicas no sentido de preparar o organismo para a situação de luta ou fuga de que falamos anteriormente. Fazendo um salto do escopo da ciência dura e fria ao pensamento filosófico abstrato, é possível considerar que o tamanho humano diante da vastidão do universo é infimamente pequeno. O que aponta à uma visão em perspectiva. Traz o insight de que o ser humano é limitado. Possui suas potências, suas grandiosidades, e também suas fraquezas e limitações. Perceber-se reduzido ao nada, como nos escritos Heideggerianos, traz angústia. Esse é o momento em que nos sentimos mal. Fracos, pequenos, em alguns casos, desesperados, como em Kierkgaard e suas reflexões existenciais. Sentir-se pequeno e impotente é dar lente de aumento ao um grande Outro, hipervalorizado em suas dimensões e em seu, agora terrível, potencial de destruir o “Eu”. O que fazer em relação ao medo? Como sugestão, pode-se pensar que esse grande Outro terrível não passa de uma fantasia. Uma fantasia criada pelo próprio Eu. Como grande Outro entenda-se a ameaça que se queira, podendo ser diferente para cada um. Cada pessoa sente-se ameaçada por causas distintas, ainda que os mais intrépidos não reconheçam. A onipotência do Outro na verdade não existe. Nem para destruí-lo, tampouco para salvá-lo. Esperar uma solução completa e absoluta vinda de fora é um desejo que traz e seu bojo a ilusão de, se o outro é grande o bastante para me destruir, então tem todo o poder de me salvar. Uma vez que relativizamos o tamanho desse Outro, surge a noção de perspectiva, com grande potencial de trazer um respiro de calma para a situação. A ameaça fantasiada passa a não ser poderosa o bastante para destruir o Eu; até porque não existe herói suficiente para a salvação completa e absoluta. Não deixe de procurar a orientação de profissionais e ajuda médica. Acesse o nosso site: https://mancinipsiquiatria.com.br/
A Mancini Psiquiatria e Psicologia oferece soluções customizadas em Saúde Mental para a sua empresa, desde a detecção e tratamento de transtornos psiquiátricos e psicológicos até diagnósticos e intervenção sistêmicos da identidade corporativa.