Medicações também podem atrapalhar a memória
Pouca gente sabe, mas existem medicamentos que podem atrapalhar as capacidades cognitivas, como a memória e aprendizado, atenção, raciocínio, capacidade de executar tarefas, habilidades visuoespaciais, entre outras.
Muitas vezes me deparo com pacientes no consultório se queixando de problemas de memória, com um medo de estarem desenvolvendo um quadro de demência de Alzheimer, por exemplo. Eles estão tomando medicações prescritas por outros médicos, as quais podem estar sendo, elas mesmas, as responsáveis pelos prejuízos cognitivos.
Em grande parte das vezes, basta retirar essas medicações ou trocá-las por outras que não interfiram tanto na cognição e o paciente volta ao seu desempenho cognitivo habitual.
Medicações que atrapalham a memória
A gama de medicações que podem atrapalhar o funcionamento cognitivo é bem ampla e vale sempre a pena consultar um médico para tirar a dúvida. Citarei apenas alguns exemplos aqui:
- Anticonvulsivantes (alguns utilizados também como estabilizadores de humor no transtorno bipolar): ácido valproico, topiramato.
- Benzodiazepínicos (“calmantes”): clonazepam (popularmente conhecido como Rivotril), diazepam, bromazepam (Lexotan), alprazolam (Frontal), lorazepam (Lorax).
- Antipsicóticos, sobretudo os de primeira geração (utilizados, por exemplo, na esquizofrenia e no transtorno bipolar): haloperidol (Haldol), periciazina (Neuleptil), levomepromazina (Neozine), risperidona.
- Antidepressivos tricíclicos: amitriptilina, imipramina, nortriptilina, clomipramina. Já os outros antidepressivos que não pertencem à classe dos “tricíclicos” (exemplos: fluoxetina, sertralina, escitalopram, venlafaxina, mirtazapina), em geral, não causam prejuízos cognitivos; pelo contrário, podem melhorar a performance cognitiva à medida que a depressão também melhora.
- Medicações para doença de Parkinson: levodopa, pramipexol.
- Analgésicos opióides e relaxantes musculares: tramadol, codeína, morfina, ciclobenzaprina.
É importante frisar que nem todos os pacientes que tomam essas medicações vão experimentar esses prejuízos cognitivos e elas não devem ser descontinuadas antes de falar com o médico.
Além disso, o médico precisará avaliar se há indícios de outras causas para esse declínio cognitivo além do remédio e atentar para a possibilidade da instalação de um quadro demencial neurodegenerativo de fato.