Medicação Psiquiátrica: mitos e verdades – Parte 2
Na semana passada começamos a discutir um pouco sobre o uso de medicação psiquiátrica, os mitos e as verdades que envolvem esse assunto. A primeira pergunta a ser discutida foi: precisar de medicação psiquiátrica me faz alguém fraco?
Hoje gostaria de dar continuidade ao tema e abordar a questão: ir ao psiquiatra envolve necessariamente tomar remédio?
É muito frequente ouvir de pessoas que elas não querem procurar o psiquiatra porque não desejam tomar medicações, dentre os motivos mais frequentes aparecem a preocupação de se tornarem dependentes de medicações, experiências ruins com efeitos colaterais, medo de ter que tomar a medicação para o resto da vida e até mesmo o medo de serem consideradas “fracas”, como discutido na semana passada.
Todavia, a ida ao psiquiatra envolve outros aspectos. O primeiro ponto importante a ser levantado é que a consulta psiquiátrica serve ao profissional para avaliar a saúde mental da pessoa que lhe procura.
Será importante o psiquiatra tomar consciência dos diversos problemas que afligem o indivíduo, quais dificuldades ele tem enfrentado na esfera psíquica, os sintomas que tem lidado.
Através dessa avaliação, o psiquiatra poderá concluir o diagnóstico (ou seja, esclarecer se há, por exemplo, algum transtorno mental que esteja afetando o sujeito).
Tendo em vista o diagnóstico, o profissional precisará organizar todos os fatores que contribuíram para seu desencadeamento. Os transtornos psiquiátricos são quadros complexos cujo desenvolvimento é dado por componentes biológicos, psicológicos e sociais.
Desse modo, o psiquiatra terá claro qual é o problema e o que precisa de intervenções. Para tanto, ele irá propor um plano de tratamento ou terapêutico. O plano de tratamento deve ser bastante abrangente, tendo em vista a complexidade da saúde mental, e deve ser discutido com o paciente todas as possibilidades que são possíveis.
Uma opção terapêutica possível é o uso de medicações, mas isso não quer dizer que esse recurso seja indicado para todas as pessoas. Para alguns casos de fato é fundamental no tratamento, já em outros pode haver alternativas ou até mesmo não ser recomendado.
Contudo, para se certificar disso, é crucial a avaliação do psiquiatra. Da mesma forma, podem existir inúmeras outras intervenções, como modificações comportamentais, psicoterapia, terapia ocupacional, terapia familiar, atividade física, entre tantas outras.
Portanto, ir ao psiquiatra não necessariamente significa tomar medicação. Significa, na verdade, fazer uma avaliação da saúde mental e discutir quais as possibilidades terapêuticas para ajudar nisso, que podem ou não incluir o uso de medicações. Desse modo, se for indicada uma medicação, gostaria de deixar a pergunta para discutirmos na próxima semana: remédio psiquiátrico vicia?