Luto Infantil: Como lidar com o luto Infantil
Ainda que saibamos que a morte faça parte da vida, inevitavelmente as pessoas podem sentir diferentes emoções ao vivenciar tal condição.
Perder alguém também aproxima a noção da própria morte do indivíduo e, quando este processo acontece com crianças e adolescentes, cuidados específicos são necessários, já que seu nível de desenvolvimento cognitivo e emocional não permite lidar muitas vezes de maneira saudável com o ocorrido.
A palavra “LUTO” é derivada do latim e faz referência a um sentimento intenso de tristeza caracterizado por um período de consternação e saudade diante da perda de um ente querido. A representação do luto possui uma íntima relação com diferentes aspectos culturais e sociais, tais como os rituais amplamente realizados no contexto religioso.
Uma das teorias mais clássicas da psicologia apresenta 5 estágios de reações emocionais das pessoas frente à morte, ainda que cada pessoa pode experienciar de uma forma diferente:
Estágio 1 – Negação: ajuda a aliviar o impacto da notícia, servindo como uma defesa necessária a seu equilíbrio, geralmente em pacientes informados abruptamente e prematuramente.
Estágio 2 – Raiva: Nessa fase o indivíduo se revolta com o mundo, se sente injustiçado e não se conforma por estar passando por isso.
Estágio 3 – Barganha: há tentativas de negociar o prazo de sua morte, por meio de promessas e/ou orações.
Estágio 4 – A pessoa pode se comportar de maneira mais introvertida, retirando-se para seu mundo interno, se isolando. Melancolica e sentimentos de impotência costumam estar presentes
Estágio 5 – É o estágio em que o indivíduo não tem desespero e consegue enxergar a realidade como realmente é, ficando pronto para o enfrentamento da perda e suas respectivas implicações.
Contudo, de acordo com a idade da criança, o conceito de morte pode ser diferente das ideias que um adolescente ou adulto atribuem a perda de um ente querido.
Dentre os principais fatores responsáveis por gerar estes significados estão a idade e o nível de desenvolvimento psicológico. O desenvolvimento psicológico da criança ocorre em 4 principais fases e em cada uma delas o conceito de morte pode se apresentar de maneira distinta:
Estágio 1) Período Sensório-Motor: 0 a 2 anos.
O cérebro da criança ainda busca unificar as partes de seu próprio corpo, possibilitando a diferenciação entre ele e o outro (que pode ser seu pai, mãe ou demais cuidadores). Dessa forma, seu cérebro ainda não é capaz de atribuir um sentido sobre a morte.
Estágio 2) Pré-Operacional: 2 a 7 anos.
Caso a criança alcance o desenvolvimento cerebral conforme o esperado para sua idade, nesta fase já é possível identificar sentidos e significados em relação a morte. De maneira geral, as crianças costumam encará-la de modo reversível.
Estágio 3) Operacional Concreto: 8 a 12 anos.
Nesta idade, é esperado que a criança tenha condições de lidar com raciocínios de maior complexidade, incluindo o caráter irrevogável que a morte impõe e suas implicações fisiológicas.
Estágio 4) Operacional Formal: a partir dos 12 anos.
O desenvolvimento cognitivo, físico e emocional da criança ou pré-adolescente já permite que o mesmo lide com questões abstratas, levando a manipulação de conceitos. Sendo assim, o caráter irreversível da morte já é percebido e então pode gerar diferentes fontes de interpretações para sua ocorrência (incluindo conceitos fisiológicos ou crenças religiosas)
Dessa forma, pode-se afirmar que a criança interpreta a perda de um ente querido de acordo com a fase do desenvolvimento em que a mesma se encontra. Sabendo disso, em cada um destes estágios, a família deve lidar com a criança em luto de uma maneira diferente. No próximo texto, você irá conhecer instruções práticas em como lidar com a criança nestes diferentes estágios do desenvolvimento.