Inveja: entenda mais sobre este sentimento

Sentir inveja é tipicamente visto como negativo em nossa cultura. Existem, porém, determinadas situações que naturalmente podem eliciar esse sentimento complexo e composto por vários detalhes.

A compreensão da naturalidade desta e das suas características pode não somente fazer com que nós possamos experienciar este sentimento com mais tranquilidade como também possamos evitar julgamentos. 

Para compreender uma emoção, devemos olhar para além da sensação, e observarmos o contexto, a experiência física e emocional e as ações que tipicamente ocorrem quando as pessoas a sentem. 

Inveja: eventos específicos tem alta probabilidade de incitar essa emoção nas pessoas.

• Quando alguém possui algo que você gostaria de ter ou precisaria, mas não tem;
• Quando você está sozinho enquanto os outros estão se divertindo;
• Quando outra pessoa recebe algo que deseja muito (como reconhecimento) e você não;
• Estar com pessoas que tem mais que você; 
• Algum competidor seu tem mais êxito que você em uma área que você considera importante.

Além disso, existem algumas experiências típicas do sentimento de inveja, alguns exemplos:

• Tensão muscular;
• Sentir o rosto enrubescer ou esquentar;
• Sentir rigidez no corpo, dor na boca do estômago, sentir impulso de ação de vingar-se;
• Odiar outra pessoa;
• Querer machucar a pessoa que te causa inveja; 
• Querer que a pessoa perca aquilo que tem, ou tenha má sorte;
• Sentir-se triste caso o outro tenha boa sorte, ou até mesmo sentir-se motivado para aperfeiçoar-se.

Esses são exemplos involuntários que, em geral, ocorrerão à pessoa que sente inveja (Linehan, 2018).

Existem também ações típicas de uma pessoa sentindo inveja. Não necessariamente as pessoas agem sobre a emoção, e neste caso trata-se de uma parte desse fenômeno emocional que é mais voluntária. 

Exemplos de ação de inveja:

• Fazer o que pode para obter o que o outro tem;
• Trabalhar mais que o normal para obter o que quer;
• Tentar aperfeiçoar a si ou a situação; tirar ou prejudicar o que o outro possui;
• Atacar ou criticar o outro; 
• Falar mal da pessoa invejada para os outros; tentar humilhar o outro, para parecer melhor; 
• Evitar pessoas que tem o que você quer (Linehan, 2018).

É importante entender que as emoções são involuntárias, e em contextos específicos, podem ser eliciadas. Pesquisas sugerem, inclusive, que há regiões cerebrais específicas envolvidas e que tendem a serem ativadas na experiência de inveja, como maior atividade em região do córtex cingulado dorsal anterior, e redução em áreas estriatais relacionadas a processamento de recompensa (Jankowski; Takahashi, 2014).

Identificar e tomar consciência dessa emoção em nós mesmos sem julgamentos, pode fazer com que possamos elaborá-las de forma a não sofrer mais que o necessário ou a evitar tomar atitudes motivados por ela quando as consequências dessas ações não são positivas ou não estão de acordo com nossos valores. 

Tem dúvidas? Esclareça suas dúvidas e angustias sobre esse e outros assuntos aqui: https://mancinipsiquiatria.com.br/duvidas

Bibliografia

Linehan, M. M. Treinamento de Habilidades em DBT: Manual de Terapia Comportamental

Jankowski K.F.; Takahashi H. Cognitive neuroscience of social emotions and implications for psychopathology: examining embarrassment, guilt, envy, and schadenfreude. Psychiatry Clin Neurosci. 2014

Dialética para o Paciente. 2. Ed. São Paulo: Artmed, 2018.

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