Inteligência: descubra a visão científica mais atual sobre o assunto.
Tema debatido frequentemente na mídia, nas escolas e principalmente nos momentos em que os alunos demonstram desempenho muito abaixo ou muito acima do esperado, é comum ouvir falar sobre diversas teorias e informações a respeito dela.
A discussão da inteligência é antiga, tanto que no final do século XIX, Francis Galton foi o primeiro teórico a sugerir que haveriam possíveis diferenças genéticas influenciando o potencial intelectual das pessoas. O primeiro teste de inteligência foi criado por Alfred Binet e Theodore Simon em 1905 (Anastasi, 1977).
Ao longo das décadas, a ciência que utiliza de dados estatísticos para medir as funções mentais (conhecida como psicometria) foi se desenvolvendo para chegar na teoria mais atual de inteligência, conhecida como CHC (Cattel-Horn-Caroll). O nome advém de outros teóricos que ofereceram contribuições importantes na área e foi organizada por Kevin Mcgrew e Dawn Flanagan (Mcgrew, 1998).
A primeira divisão importante oferecida pela teoria é a de inteligência fluída e cristalizada. A inteligência fluída é uma capacidade de abstração, resolução de problemas e raciocínio lógico, muito relacionada às características biológicas dos indivíduos e é pouco influenciada pela aprendizagem.
Trata-se, portanto, de uma habilidade mais inata. Já a inteligência cristalizada é mais ligada ao conhecimento advindo de experiências anteriores, e a aprendizagem de situações passadas. Exemplos de habilidades relacionadas a ela seriam a capacidade de leitura e escrita, assim como o vocabulário do indivíduo (Schneider, Mcgrew, 2012).
Abaixo segue a hierarquia que demonstra como as habilidades ligadas a inteligência são organizadas.
Figura 1. Esquema que organiza as informações da teoria do CHC (Webb e colegas, 2018).
Conforme demonstrado na tabela acima, para a CHC a inteligência seria dividida em fatores, e organizada em um modelo que vai de um nível mais geral ao específico: Primeiro vem o aspecto mais amplo e geral da inteligência (fator g) (Estrato III), depois habilidades amplas, (Estrato II) que podem incluir habilidades como a inteligência fluída, inteligência cristalizada, memória geral, dentre outras, e por fim habilidades específicas (Estrato I) como percepção visual, e muitas outras.
Medir a inteligência é útil para compreensão mais apurada do funcionamento cognitivo do indivíduo, e pode nortear um diagnóstico como o de Deficiência Intelectual, ou de sujeitos de altas habilidades (superdotação). Essa avaliação só pode ser considerada válida, se realizada por um psicólogo e utilizando um instrumento com validação no país. Esse tipo de avaliação está inclusa na maioria das baterias de avaliação neuropsicológica.
Bibliografia:
Anastasi, A.. Testes psicológicos. São Paulo: E.P.U.,1977.
McGrew, K. S. Analysis of the major intelligence batteries according to a proposed comprehensive Gf-Gc framework. In D. P. Flanagan, J. L. Genshaft, & P. L. Harrison (Orgs), Contemporary intellectual assessment: theories, tests, and issues.. Nova York: Guilford. P. 151-179. 1998.
Mcgrew, K.; Schneider, W. J. The Cattel Horn Caroll Model of intelligence. In: Flanagan, D. P.; Harrison, P. L. (Orgs). Contemporary intellectual assessment: Theories, tests, and issues, 3a ed., Editora: Guilford Press, 2012.
Webb, S. L, Loh V., Lampit A, Bateman J. E., Birney, D. P.; Meta-Analysis of the Effects of Computerized Cognitive Training on Executive Functions: a Cross-Disciplinary Taxonomy for Classifying Outcome Cognitive Factors. Neuropsychol Rev. P. 232-250. 2018.