Insônia para além da medicação
A insônia é caracterizada por uma série de queixas que refletem a insatisfação do indivíduo com a qualidade e a quantidade do sono. Os tipos de insônia incluem: a dificuldade em adormecer (latência aumentada para iniciar o sono), permanecer dormindo e/ou acordar mais cedo do que gostaria ou havia
programado. Esses tipos podem, muitas vezes, coexistir.
O Transtorno de Insônia Crônica é diagnosticado quando a insônia ocorre pelo menos três vezes por semana há no mínimo três meses. Ele está associado a sintomas diurnos como: fadiga, sensação de diminuição da energia, atenção,
concentração e memória, além de alterações de humor como irritabilidade e disforia. Tudo isso pode acarretar em perda da qualidade de vida, faltas no trabalho/estudo, diminuição da produtividade, riscos de acidentes e problemas de saúde.
Quando pensamos na investigação e diagnóstico da insônia é fundamental entendermos a duração, frequência, tipo de insônia, hábitos de vida e de sono, os gatilhos e comorbidades associados. Para tanto, é imprescindível a avaliação do histórico médico de cada paciente (lembrando que o diagnóstico de insônia crônica é basicamente clínico). Outras ferramentas que podem ser utilizadas quando necessário incluem: diário do sono, escalas e questionários específicos (como ISI,
PSQI e ESS), polissonografia (em casos selecionados, não sendo de rotina) e actigrafia (utilizada na investigação de distúrbios do ritmo circadiano). A insônia em alguns casos pode vir comorbida de outros problemas relacionados ao sono como: apneia obstrutiva do sono, distúrbios do ritmo circadiano e Síndrome das Pernas Inquietas. Ela pode também ser um fator de risco ou estar associada a algumas comorbidades como: doenças cardiovasculares, hipertensão arterial sistêmica, diabetes tipo 2, obesidade e dor crônica. Essa relação pode ser justificada porque a insônia crônica altera os níveis dos mediadores inflamatórios do nosso corpo.
Dentre os transtornos psiquiátricos, a insônia pode vir comorbida ou preceder um transtorno depressivo maior (e agravar a evolução e resposta ao tratamento). Além de estar associada ao transtorno de estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade e aumentar o risco de suicídio. Tratamentos “alternativos” que também constam nos manuais para insônia, mas carecem de maiores estudos e evidências seriam: biofeedback/neurofeedback, acupuntura, atividade física (com ênfase em práticas aeróbicas), técnicas
mente-corpo (como meditação, yoga, Tai Chi, qigong) e aromaterapia (com óleos essenciais, por exemplo).
Referência bibliográfica: Guidelines on the Diagnosis and Treatment of Insomnia in
Adults – Brazilian Sleep Association, 2023