Existe mesmo a tal da “droga da inteligência”?
Estamos observando um aumento significativo no consumo de medicamentos psicoestimulantes para pessoas sem indicação formal do uso. Os psicoestimulantes como metilfenidato ou lisdexanfetamina vem sendo difundido entre jovens e profissionais como uma droga que potencialmente te deixa mais inteligente. Seria isso verdade?
Precisamos compreender que o quociente de inteligência (QI) é uma média quantitativa, que expressa a capacidade intelectual de um indivíduo em comparação a outros indivíduos da mesma idade mental e cronológica. Avalia um conjunto de habilidades globais e adaptativas, que recebem influência da genética familiar, cultura local e estímulo social. Então de cara já temos um erro de conceito pois não há como aumentar um QI de um indivíduo por meio de medicamentos. A ideia mais correta seria de que o psicoestimulante é um medicamento que atua melhorando a performance da mente. Será que isso é possível?
Os psicoestimulantes foram criados para tratamento de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), um transtorno do neurodesenvolvimento que causa prejuízo no que chamamos de funções executivas. As funções executivas são as funções mentais que nos auxiliam nas atividades diárias de planejamento, tomada de decisões, estabelecimento de metas, antecipação de respostas, foco e atenção, memorização e controle da impulsos.
Diversos estudos foram realizados comparando indivíduos saudáveis com indivíduos portadores de TDAH, com e sem uso de drogas psicoestimulantes. Os estudos de comparação entre indivíduos saudáveis com e sem o uso de psicoestimulantes, obteve como resultado no grupo medicado, uma maior agilidade na resolução de atividades propostas, com ausência de melhora significativa no desempenho global, além de associação com queda na eficiência de resposta. Outro estudo nos mesmo moldes mostrou que os indivíduos saudáveis medicados tiveram a falsa sensação de estarem acertando mais questões de um teste proposto, sem um real correspondência no número de acertos
Os resultados demonstraram que medicamentos criados para estimular a cognição em casos de TDAH, não aumentam o desempenho cognitivo global em indivíduos saudáveis, podendo até mesmo reduzir a produtividade. Portanto não há um medicamento que aumente a inteligência.
Se você vem apresentando queda na produtividade, dificuldade de foco e concentração, não deixe de procurar um psiquiatra para uma avaliação completa para compreender o real causador de seus sintomas e, não tome medicamentos sem uma correta indicação. Assim evitaremos efeitos colaterais e resultados indesejáveis.