Enxaqueca e Saúde Mental
Dor de cabeça é uma queixa muito frequente na população, e uma de suas causas frequentes é a enxaqueca. Este é um transtorno neurológico de provável causa genética que leva a uma hiperexcitabilidade do córtex cerebral, levando a crises de inflamação e dilatação de artérias da cabeça.
As crises de enxaqueca são caracterizadas por serem geralmente localizadas em um dos lados da cabeça, de caráter pulsátil (como se a cabeça estivesse “martelando”), de moderada a forte intensidade, acompanhadas por enjoo ou vômitos, e piora com sons, luzes e esforços (como subir uma escada, por exemplo).
É frequente haver desencadeantes específicos para as crises, os chamados “gatilhos”, que podem ser estresse, falta de sono, jejum prolongado, determinados alimentos e odores, ou flutuações no ciclo hormonal feminino.
Para o tratamento das crises de enxaqueca e a prevenção destas é fundamental o acompanhamento com um neurologista. Contudo, é muito frequente que o neurologista encaminhe também o portador de enxaqueca para uma avaliação com um psiquiatra.
Dentre as causas mais frequentes desse encaminhamento se encontram os quadros de depressão. Sabe-se que os portadores de enxaqueca têm um risco três vezes maior de desenvolver depressão quando comparados à população geral.
Acredita-se que esse risco aumentado seja decorrente de fatores genéticos e estressores ambientais em comum. O uso de antidepressivos deve ser cauteloso quando a pessoa tiver depressão e enxaqueca, pois alguns antidepressivos podem ter efeitos benéficos para o controle das crises de enxaqueca enquanto outros podem trazer um impacto negativo.
Além da depressão, os estudos revelam que os portadores de enxaqueca também apresentam mais quadros de ansiedade. Por exemplo, o risco de apresentarem transtorno de ansiedade generalizada é quatro vezes maior; de transtorno obsessivo-compulsivo, cinco vezes; de transtorno de pânico, 5 a 7 vezes; fobias específicas, duas vezes.
Ademais, o mau controle dos sintomas ansiosos podem contribuir para o desencadeamento de crises de enxaqueca.
Por fim, vale também ressaltar que a presença de transtornos psiquiátricos nos portadores de enxaqueca traz um impacto negativo na qualidade de vida. Desse modo, é muito comum ser necessário o trabalho conjunto entre o neurologista e o psiquiatra para o tratamento integral do portador de enxaqueca.